É
consensual que uma conversão não acontece num momento, mas é um processo que
dura toda a vida. Mas eu falo aqui muitas vezes na minha conversão e marco-lhe
uma data: Agosto de 1994. Tinha eu 53 anos. Até aí tinha já um longo historial
de vida cristã muito sincera e empenhada: eu nascera numa família de uma
sincera e saudável religiosidade, quis ser padre e fui, quis ser frade franciscano
e fui, tentei viver o Evangelho sempre muito a sério e foi em nome dessa
seriedade que abandonei aquelas instituições e práticas religiosas institucionalizadas,
para viver a mais generalizada e vulgar das vidas. Estava a esse tempo passando
pelos pesados problemas de uma família numerosa. Mas ouça-se o que então me
aconteceu:
Por isso eu chamo a este encontro naquele Agosto uma verdadeira
conversão. Foi na verdade uma viragem para o lado contrário: enquanto antes
Jesus estava fora de mim, num pedestal que me não permitia chegar-Lhe aos
ombros para Lhe dar um abraço, passou, a partir daí, a viver dentro do mim,
abalando-me todo o ser a partir do coração; enquanto até esse tempo Ele era uma
e certamente a mais importante Referência de todas as minhas obras, deixei
depois de ter sequer obras minhas e passou Ele próprio a comandar todos os meus
passos e movimentos, dentro e fora de mim; enquanto antes Ele era só o meu
Herói, passou depois a ser o meu único Amor!
As consequências desta viragem foram espectaculares: as minhas
prioridades começaram a ser radicalmente outras, as bases da minha segurança
começaram a ser fortemente abaladas, todo o meu edifício moral e religioso
começou a abrir brechas irreparáveis, a direcção do meu caminho começou a
revelar-se completamente errada relativamente às minhas ânsias mais profundas e
mais puras e mesmo os grandes ideais que perseguia, enfim, toda a construção
antiga, de rombo em rombo, acabou por se desmoronar. E, vinda sempre das
entranhas quentes da Terra e do meu coração, como de um mundo completamente
desconhecido, começou a erguer-se não mais uma construção feita com materiais
mortos, mas uma árvore viva, muitas árvores vivas, montanhas e vales a perder
de vista cobertos de verdura, com regatos cantantes e rios impetuosos por toda
a paisagem!
Gentes, encontrar Jesus como Pessoa e apaixonarmo-nos por Ele é uma
verdadeira Revolução! (Dl
28, 1/8/04)
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