Sabemos que há igrejas que acusam outras de
idolatria por fazerem imagens de Jesus, de Maria, de Santos e terem perante
elas um comportamento que ronda a adoração, atitude devida a Deus,
exclusivamente. Mas aqui Jesus parece não ligar importância a essa questão, a
não ser para apontar mais um factor - muitas vezes apenas um pretexto, e bem
ridículo - de divisão, tão dolorosa, na Sua Igreja. Passou então a
revelar a natureza e a dimensão da verdadeira Idolatria, o que me deixou
verdadeiramente espantado. Eis uma das muitas passagens do Seu Ensinamento
sobre este tema:
As instituições, talhadas pela vontade rebelde do homem para substituir o Espírito na condução do Povo do Senhor são, de facto, os grandes ídolos a quem confiamos o governo das nossas vidas, esperando que estas máquinas, inventadas e construídas com as capacidades da nossa Carne, nos salvem do sofrimento e nos conduzam à felicidade por que sempre a nossa Alma anseia.
Ídolos não são só os arranha-céus, os computadores, as naves e os telescópios espaciais; é também uma doutrina, um governo, uma instituição – tudo igualmente obra das nossas capacidades puramente carnais, supostamente autonomizadas frente a Deus. Por isso o Diabo se apega ferozmente a todas estas obras que até agora conseguiu manter escondidas na sua perversão. Fará, pois, tudo quanto puder para evitar o seu desmascaramento. (Dl 28, 27/4/04)
…
Se toda a obra humana continuamente levanta ídolos, a terra está toda coberta de trevas. Por todo o mundo os homens se prostram perante a sua própria obra e a adoram: com ela ocupam todo o tempo, com ela se deslumbram e nela confiam para os libertar da dor e os conduzir a um qualquer paraíso de delícias. Não é então Satanás, de facto, o príncipe deste mundo, que o segue no louco projecto de dispensar e suplantar Deus? Não perdeu o homem, na verdade, toda a lucidez?
Nunca, como agora, me esteve diante dos olhos, tão nítida e abrangente, a
visão da terra como um único templo povoado de ídolos. As Escrituras não
exageram quando dizem que não há na terra um único justo. E Jesus chama a
atenção para a mais perfeita evidência quando diz que o Seu Reino não é deste
mundo. Não se pode, de facto, assemelhar a nada daquilo que vemos neste mundo o
Reino dos Céus a que Jesus nos veio chamar. Tudo aqui tem a marca da Rebeldia
contra Deus, seja obra material, seja construção do espírito humano, como sejam
leis e doutrinas e instituições. E todas estas coisas nós as veneramos como
autênticos ídolos, atribuindo-lhes invariavelmente e com crescente euforia todo
o poder sobre as nossas vidas.
E eu fui chamado a dar testemunho daquilo que vejo e a deixá-lo gravado
com toda a exactidão que eu puder. Dir-se-á que esta é uma visão generalizante
e redutora e que por isso não corresponde à efectiva realidade verificável: há
muita gente que se dirige ao Deus verdadeiro de coração sincero e há entre nós
verdadeiros santos. Mas eu posso dar o meu próprio testemunho: já antes da
minha conversão eu elevava a Deus orações sinceras; no entanto gastava todas as
minhas forças na edificação da Cidade e era dela que eu esperava em verdade a
salvação. E quantos santos não morreram sem se terem apercebido desta universal
Idolatria! (ibidem,
28/4/04)
Particularmente sugestivos, e para muitos até chocantes, são também os textos 115 (Junho 2010) e 244 (Novembro 2010)
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