Quando falamos em prazer, entendemos
geralmente o prazer físico, sensual. E é neste sentido, salvo raras excepções,
que ele é assumido aqui, nesta escrita. Do mesmo modo, em vez da mais vulgar
expressão com que se pretendem designar as duas mais imediatas e consensuais
componentes do ser humano – corpo e alma – aqui prefere-se,
na maior parte dos casos, a designação carne e espírito. Porventura a maior das surpresas que Jesus nestes
Diálogos me fez foi a atenção que Ele, desde muito cedo, começou a dar à
componente material, física do ser humano – à Carne. Os dois excertos seguintes
são só um aperitivo…
A insistência com que nesta Mensagem Jesus fala do nosso prazer e o
assume em toda a amplitude e intensidade possível à nossa Carne atinge as raias
do escândalo. Sempre os Santos falaram da felicidade que nos dá o contacto com
Jesus. Mas não conheço nenhum que fale na felicidade que nós próprios Lhe
podemos proporcionar partilhando com Ele o prazer da nossa Carne; o que mais
ouvimos da boca dos Santos é a insistência na renúncia aos prazeres da Carne. E
não os podemos censurar por isso: eles fundam-se no facto indesmentível de que
Deus renunciou a toda a Sua imensa, imperturbável felicidade, para Se vir meter
na nossa indescritível miséria. E também é verdade que a nossa rebelião se
manifesta no gozo desenfreado de todo o prazer que no meio das nossas trevas
conseguimos reunir. Foi ainda o exemplo do próprio Jesus entregando o Seu corpo
à tortura que levou os Santos a proclamarem a renúncia ao prazer. Assim,
compreensivelmente, a assunção do nosso prazer ficou ofuscada pelo espectáculo
da Renúncia de Deus à Sua imensa Felicidade, por nosso amor.
Mas agora o Espírito precederá e acompanhará o Regresso de Jesus para
nos recordar tudo quanto Ele já revelara e para nos conduzir à Verdade total. (Dl 27, 7/2/04)
…É deveras significativo que Jesus me tenha dado o prazer da carne como Sinal da sua Presença. É esta uma situação diametralmente oposta àquela que se chegou a proclamar no passado, em que o prazer sensual era considerado essencialmente diabólico e só era tolerado, porque inevitável, no acto de procriar, sendo então visto como uma espécie de castigo, em que por uns instantes nos teríamos que sujeitar ao impulso demoníaco para obtermos o dom dos filhos.
Isto chegou a proclamá-lo a Igreja! Como deixou Jesus que isto
acontecesse? Pobre Mestre! Ele teve que deixar acontecer já tanta coisa
perversa na Sua Igreja! A tortura e a morte violenta em Seu Nome, por exemplo.
A instituição, por exemplo, porventura o pecado basilar da Igreja. A Apostasia
galopante, enfim, que está atingindo o auge no nosso tempo!
Jesus não pode interferir, como sabemos, nas escolhas da Liberdade
humana. Só àqueles que O receberem sem condições e O amarem de coração
enamorado Ele pode comunicar a força da Sua Vida, a largura da Sua Liberdade,
as profundezas do Seu Amor. Só a estes Ele pode dar a felicidade da Carne como
sinal da Sua Presença. De uma Presença total, obviamente, vibrando de prazer no
nosso corpo, em toda a medida possível à Carne em cada momento. Tão desviados
andámos nós desta tão terna proximidade do nosso Deus, que agora proclamá-la
assim na sua simplicidade, na sua nudez, constitui o maior dos escândalos.
Será por isso esta certamente a mais violenta expressão da Viragem que o
Regresso de Jesus virá operar no meio de nós. Tão violenta, que até muitos
crentes recuarão de medo, dominados por uma dolorosa dúvida. Mas, passado o
primeiro embate, todos os discípulos de Jesus se irão recordar da promessa do
seu Mestre de que, agora, os fundamentos da Terra serão abalados. (Dl 27, 9/2/04)
Veja também os textos 18 (Março 2010), 152 e 153 (Agosto 2010)
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