Chamou Jesus um dia o Seu apóstolo Pedro à
parte e entregou-lhe a missão de apascentar o Seu Rabanho. A mais nenhum dos
apóstolos entregou Jesus expressamente esta missão: a missão dos outros também,
no entanto, era muito clara: serem Apóstolos – uma palavra que significa
Enviados, isto é, eles deveriam ir por todo o mundo transmitir aquilo que
tinham visto e ouvido do seu Mestre. Mais nenhuma missão específica entregou
Jesus a ninguém. Em todos os Profetas actuais volta Jesus a referir muitas
vezes o Seu Pedro. Sobre ele faz Jesus nestes Diálogos uma revelação
inesperada e importantíssima, de que falaremos oportunamente.
Porque me aparece tão raras vezes o Sinal da Igreja? Porque ela não é
tão importante assim? Para, justamente por esta via, a realçar mais ainda?
Porque ela não é a preocupação imediata de Jesus?
De facto, quantas vezes refere o próprio Jesus a Sua Igreja, no
Evangelho? Que me recorde, só uma, aquela em que Ele afirma solenemente que ela
será edificada sobre Pedro. Quase sempre Se dirige às pessoas todas,
indiscriminadamente, procurando atingir-lhes os corações, despertando-os para a
Fé, mostrando, com gestos e palavras, o quanto Deus nos ama e o quanto nos
afastámos do Seu Amor.
Sim, Jesus parece não Se preocupar muito com a Igreja. Como se ela fosse
uma realidade que haveria de chegar por acréscimo. Dá vontade até de pensar que
Ele antevia a pesadona máquina institucional em que ela haveria de se tornar,
asfixiando o Espírito e estraçalhando o Seu Corpo. Foi por isso que Ele, dessa
única vez que a ela Se refere, a fundou sobre Pedro, o mais ingénuo, o mais
arrebatado, o menos institucional, o menos certinho de todos os Apóstolos, mas
o de mais viva e espontânea Fé: sobre Pedro nunca poderia ser fundada uma fria
máquina institucional! Chamou Jesus a Simão a Pedra, ou o Rochedo, não por ele
ser de uma frieza granítica, mas justamente o contrário: por ter um coração
muito vivo, muito sensível, capaz das maiores loucuras de Amor. A firmeza da
Rocha estava na ingenuidade infantil da sua Fé!
É esta Fé que importa a Jesus. É este Amor incondicional que une a Si os
Seus discípulos. É esta paixão que importa despertar nos corações, um a um. E,
se assim acontecer, não será mais possível desunir aqueles que assim se
amarrarem ao seu Mestre e Redentor: a Igreja virá por acréscimo! (Dl 27, 5/3/04)
Veja também o texto 623 (Dezembro, 2011)
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