Quando se fala em Igreja quase sempre se
entende a Igreja-instituição, com a sua pirâmide hierárquica e as suas leis,
que vão desde os ritos até às definições dogmáticas. Um dos mais incontornáveis
escândalos desta Profecia que escrevo situa-se justamente aqui, ao proclamar,
sem rodeios, que todas as instituições são perversas. Também, portanto, e com
maioria de razão, as instituições religiosas, porque se interpõem entre os
crentes e Deus, arrogando-se o exclusivo poder de interpretar a Sua Vontade e
de a mininstrar ao Povo conforme a sua conveniência. Também aqui Jesus é
taxativo: a Igreja que Ele vem agora conduzir a um verdadeiro Renascimento
nunca mais se poderá deixar institucionalizar! É esta a mensagem do que se
segue:
Sonho com a Igreja como Surpresa contínua.
Toda a instituição tem medo de perder o controle dos passos dos seus
membros. Não acredita em que o seu bom senso baste para harmonizar as relações
entre as pessoas. Ela não confia em ninguém. É por isso que coloca todo o seu
empenho em elaborar um bom código de leis. Assim, as pessoas passam a ser
comandadas não por si próprias, mas por aquele código. E se bem que o código
seja feito à medida e segundo a conveniência dos que detêm o poder, também
estes ficam dele prisioneiros, já que todos os outros se tornam fiscais,
apontando-lhes de imediato qualquer violação das leis. Assim o Código se torna
para as instituições o seu grande Ídolo, tanto mais poderoso e tirânico quanto
mais vasta for a instituição. E nem se diga sequer que a instituição tem sempre
o poder de modificar a lei: as mudanças introduzidas nos códigos são só
restauros periódicos na estátua, ou mudanças de roupagem. Às vezes com tanta
fúria se revoltam as populações contra a tirania do ídolo, que o derrubam. Mas
em seu lugar entronizam logo outro igual na essência: em breve ele se revelará
igualmente opressor.
É por isso que a Igreja nunca poderá ser uma instituição. Os clamores de
todos os Profetas contra a Idolatria podem resumir-se todos neste apelo
dramático para que o Povo de Deus nunca se deixe institucionalizar. O que eles
proclamam todos, por entre lamentos e denúncias, é que o Povo do Senhor não
poderá nunca ser governado por mais nada nem ninguém senão, obviamente, pelo
Senhor a Quem ele pertence. Todos os crimes do Povo consistem na fuga a este
domínio exclusivo.
Eu vejo a Igreja governada exclusivamente pelo seu Senhor. Sonho vê-la
assim totalmente livre. E por isso Surpresa pura!
…
Ao fim da leitura de uma página destes Escritos que falava do impossível
Sonho aqui gravado e em que Jesus mais uma vez me repete: “Acredita no que
sonhas!”, voltei-me para Ele e disse-Lhe assim, muito espontaneamente: Havemos
de chegar, meu Amor!
Todos nós consideramos impossível este Sonho que tenho sonhado junto com
Jesus, embalado nas batidas do Seu Coração, mas a minha Fé na sua realização
cresce à medida que ele se alarga. E, surpreendentemente para mim próprio,
quanto mais ousado ele se torna, mais depressa o vejo realizado! É tão intensa
esta Fé, que o creio mesmo já realizado ocultamente, na intimidade de muitos
corações. Para que ele se manifeste e seja desencadeado o formidável Êxodo,
basta que o Espírito segrede a cada coração: Vamos! É agora!
Uma das vertentes deste Sonho, porventura nuclear, é aquela que esta
noite de novo me ocupou o coração: a liminar e radical recusa da Igreja
Renascida em se deixar institucionalizar. Ficará assim dela excluída, a partir
da raiz, toda a Idolatria – foi esta a nova cor do Sonho, hoje revelada. A
Igreja será assim verdadeira e contínua Surpresa – mesmo quando eventualmente
faça imagens dos seus Amigos do Céu!
…
Levou-me o Espírito esta manhã a escrever que é possível alguém ter
muito carinho por uma imagem representativa de Deus ou dos Seus Santos, sem que
por isso seja idólatra. Ouvi já em alguns Profetas que conheço Jesus e Maria
abençoarem mesmo objectos e imagens representando Pessoas ou Mistérios divinos.
Parece então óbvio aquilo que já uma vez aqui ficou escrito: todos estes
objectos materiais poderão ser ídolos se afastarem de Deus; não o são, se
aproximarem de Deus!
Verifico assim que a conhecida acusação de muitos cristãos a outros seus
irmãos na Fé de que são idólatras por se servirem de imagens ou qualquer outra
representação material de realidades do Reino dos Céus outra coisa não é senão
mais uma forma de se demarcarem e delimitarem assim o seu pedaço da Vinha do
Senhor de que se apropriaram. E estão assim ensombrando o discernimento dos
verdadeiros ídolos, que também por esse motivo até hoje têm permanecido
intactos! (Dl 27, 29/1/04)
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