É
muito natural que as pessoas se interroguem sobre a autenticidade destes
diálogos com Deus, a maioria das vezes com Jesus e, sobretudo a partir do ano
dois mil, com Maria. Eu próprio tive muitas dúvidas, bem dolorosas, que Jesus,
com muita paciência e ternura, me foi dissipando. Durante quase todo o ano de
2004, todo este diálogo cessou. E foi aqui que eu soube como fala alto e nítido
o Silêncio de Deus. São desse tempo as seguintes mensagens:
Nada pára quando caminhamos para o
Coração de Deus e, uma vez chegados, aí permanecemos, de ouvido atento, de
vontade entregue ao Inesperado e ao Desconhecido. Estou sentindo, portanto,
também fecunda esta ausência. Não se trata da Ausência pura e simples, com que
sempre tenho caracterizado o Inferno, a Ausência que é rejeição do Ser. Se o
fosse, eu teria já entrado numa indescritível Angústia, impossível de suportar,
pela amostra que me foi dado viver em alguns momentos, sempre curtos. Também
não é a ausência do Deserto, feita de frieza e aridez, porque esta é feita
simultaneamente de um misterioso Silêncio em que ouço, muito puras, as Vozes do
Céu e as vozes de todas as criaturas, particularmente do homem, com todo o seu
assombroso Mistério.
Agora não ouço Voz nenhuma do Céu e até das vozes da terra ouço apenas
um murmúrio, ao longe. Não me canso de repetir que me impressiona a nitidez
desta sensação. É como se o ar que se interpõe entre a terra e o Céu estivesse
sendo lavado e purificado para uma qualquer grande Festa que aí devesse ocorrer
muito proximamente. Por isso me inunda uma intensa expectativa e uma funda e
doce Paz.
…
Continuo claramente no Deserto. Não me é dado agora dialogar, mas
continuo sentindo, agora com particular nitidez, o que se passa neste habitual
Silêncio a que a Cidade não tem acesso.
É este sentir que constitui a minha visão e a minha audição desde que
Jesus me trouxe aqui para o Deserto. Eu vejo e ouço sentindo. E quando afirmo,
como acontece várias vezes, que nada sinto, sempre Jesus me conseguiu mostrar
que aqui não existe o vazio e que, mesmo aquilo que eu capto como absoluta
Ausência, existe. E tão intensa realidade se revela que, se mais tempo durasse
a sensação que me invade, certamente me faria explodir o coração.
Não há aqui, de facto, tempos vazios. Aqui o Ser impõe-se com uma
intensidade impressionante. De tal maneira que até o Nada É! E, por meios e processos que não consigo determinar e muito
menos descrever, esta ininterrupta sensação do Ser transforma-se-me em imagem e
som. Por isso vejo e ouço verdadeiramente. E sempre – reconheço eu agora de
repente! – vi e ouvi com extraordinária nitidez: quando declaro que a imagem é
confusa e o som impreciso, é isso exactamente o que se está passando e
portanto, ainda nestes casos, é nítida a visão, é apurado o ouvido!
É assim que esta última disposição de Deus me
trouxe uma alegria inesperada: o facto de me ter sido suspenso o diálogo com o
Céu desta forma tão nítida está atestando, mais do que qualquer outra prova, a
autenticidade divina desta Profecia! De facto, se os diálogos fossem forjados,
o quê ou quem poderia impedir que continuasse a forjá-los? Se eles fossem pura
criação minha, sabemos que nem Deus, uma vez que não governa a minha Liberdade,
os conseguiria interromper!
(Dl 27, 7/1/04) Leia também
o texto 6, Fevereiro 2010
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