Quando
as pessoas têm que enfrentar os problemas mais graves da vida, muitas vezes
ouve-se dizer: A culpa é do Sistema. Sentimos todos vagamente que estamos
enquadrados por uma ordem ou estrutura, edificada por nós e que dirige,
controla e condiciona as nossas vidas, como uma máquina em que todas as peças
têm que funcionar, bem afinadas, nos respectivos lugares. Sentimo-nos
normalmente impotentes para nos libertarmos desta ordem que mutila a nossa
natureza e por isso a julgamos uma fatalidade. Jesus não; Ele veio para
eliminar simplesmente das nossas vidas este poder opressor a que,
incompreensivelmente, nos agarramos como a um Ídolo. Veja-se, a este propósito,
a mensagem seguinte:
Seja qual for a sensação, é sempre nela que vem Deus. Mesmo que seja uma
sensação de impotência, ou de frieza, ou de vazio: se ela for partilhada, está
já sendo irrigada pela Seiva da Vida. E nós precisamos desesperadamente de
viver. De facto, o Sistema em que vivemos só pode manter-se por ser formado de
elementos mortos; se eles fossem vivos, desagregariam toda a construção. Por
isso é que nenhum sistema admite a surpresa. Por isso é que nenhum organismo
vivo permite ser sistematizado, sob pena de morrer. Num sistema, todos os
elementos têm que estar quietos no seu lugar, como as pedras numa parede; se
cada pedra desatasse a viver, a expandir-se para as direcções mais inesperadas,
seria obviamente a derrocada de toda a parede. Por isso é que os sistemas só
admitem ser lavados ou pintados de outras cores, ou simplesmente substituídos
por outros sistemas quando as pessoas já não suportam mais viver encaixadas
neles.
Dir-se-á que aquilo que eu estou a escrever são justamente apenas
ideias. Mas não são; são sensações negativas que procuram a causa ou o eventual
sentido do seu mal-estar. Eu sinto na minha vida o peso do Sistema, de tal
maneira que estou empenhando todas as minhas forças para desobstruir as fontes
da Vida, de modo a que o Sistema simplesmente desapareça. Há muito tempo que
procuro o caminho da minha e da nossa comum Libertação. Cheguei a pensar, como
toda a gente que conhecia, que o próprio Sistema nos conduziria à Liberdade, se
o soubéssemos aperfeiçoar; depois deste meu encontro com Jesus reconheci em todo
o sistema ou instituição um autêntico ídolo, portanto um deus fabricado pelas
nossas mãos, de quem, insensatamente, esperamos a nossa salvação. Agora só
quero encontrar o Deus Vivo. (Dl 28, 27/4/04)
Veja também os textos 36(Março 2010)
e 125 (Junho 2010)
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