Parece haver em nós uma
qualquer incontornável reminiscência de uma felicidade perfeita aqui mesmo onde
vivemos. Chamamos-lhe Paraíso. E, teimosamente, todos os nossos sonhos continuam
vislumbrando e desenhando cenários harmoniosos em que vivamos, libertos de toda
a dor, um dia… Ora esse Jardim de Delícias que sempre colocamos num futuro
muito longínquo, sempre inatingível em tempo útil é, aqui nestes Diálogos, uma
realidade prestes a nascer, como num espantoso Parto. É esta a perspectiva dos
textos seguintes.
Não duvido de que Jesus é a verdadeira e perfeita Paz. E sei também que
fora d’Ele a Paz não é possível. Ele é a Harmonia total entre Deus e a Sua Criação.
E, vindo à nossa Carne para a resgatar da escravidão, Ele fez dela uma Unidade
tão perfeita com Deus, que a levou ao Seu próprio Seio, para daí a fazer gerar
da verdadeira Carne de Deus! A Paz que Jesus nos trouxe é da mesma natureza da
que existe entre as Pessoas da Trindade Santíssima.
Eu creio nesta Paz perfeita, realizada aqui mesmo, neste nosso actual
Vale de Lágrimas. Porque Deus fez a Terra para ser o Berço do Homem, um Berço
fofo e tranquilo. E assim será, porque Deus nunca abandona um Sonho Seu; antes
o faz crescer sempre, porque n’Ele tudo é Vida. E se alguém se atrever a tocar
no Seu Sonho com mãos sujas ou assassinas, aí entra em acção a Sua terrível
Vingança e Ele ultrapassa-Se a Si mesmo e amplia o Sonho para onde não estava
sequer previsto na Sua Omnisciência!
Julgo que eu próprio não entendo o que estou escrevendo, mas sei que é a
Verdade. E a minha capacidade de ver deve-se ao encandeamento provocado pela
intensidade desta Luz. Só sei que aqui na Terra será o que nem sequer estava
previsto ser, no Plano original de Deus. Porque nós ousámos tocar o Seu Sonho
com mãos sujas e assassinas! E de tal maneira desabará sobre nós a Vingança de
Deus, que nós próprios, os de mãos sujas e assassinas, rendidos a este Ciúme
ardente de Deus por nós, Lhe pediremos que nos deixe participar na realização
deste Paraíso imprevisto!
Eu anunciarei, sim, com todas as minhas capacidades, este imprevisto
Sonho de Deus, porque o Corpo de Jesus já inundou a nossa Carne, célula com
célula. Só falta que o Espírito desça e fecunde as células. (Dl 27, 9/3/04)
…
Quero o Céu aqui. Não quero ir para o Céu; quero que o Céu venha até
mim. Quero ser inundado, saturado de Céu. Assim como estou. Nesta carne que me
condiciona até ao ridículo. Quero que os nossos próprios olhos carnais vejam a
Capacidade de amar que Deus tem e que de facto mostrou na maneira como nos
amou.
Quero a minha carne já aqui na terra transubstanciada em Carne de um
verdadeiro Filho de Deus! Ninguém me venha dizer que a terra terá que ser
fatalmente este Vale de Lágrimas para todo o sempre. Ninguém me venha dizer que
a restauração do Paraíso aqui, aquele Paraíso que nos está prometido, muito
mais belo que o primeiro, só acontecerá no Fim dos Tempos, no Fim de todos os
Fins: eu vejo o nascimento deste indescritível Paraíso aqui ainda antes do fim
da minha vida da carne! Recuso-me a aceitar que esta experiência nunca será
para o nosso tempo, para a minha geração: a Surpresa que aí vem é a maior de
todos os tempos! (ibidem,
25/2/04)
Veja também o particularmente esclarecedor texto 155 (Agosto 2010)
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