Um outro tema muito realçado nestes Diálogos,
como não poderia deixar de ser, é a Igreja. E também aqui Jesus mostra não suportar
mais a situação a que ela chegou. O Seu Regresso, que todos os Profetas actuais
proclamam para breve, determinará, por isso, uma mudança radical, segundo o
paradigma da Igreja primitiva. Há aqui várias mensagens, algumas
particularmente chocantes, que bem ilustram este desejo de Jesus. Esta, por
exemplo:
Os Sinais falam-me do Pentecostes. Não, naturalmente, o passado: nada,
nas palavras e nos acontecimentos do Reino dos Céus é recordação, apenas.
Morrer, também não morreu aquele Pentecostes de há dois mil anos: ele fundou a
Igreja que hoje existe. Está como está, mas é o Corpo incarnado de Jesus. Foi
infiel e perversa muitas vezes, mas por isso mais ainda Deus a amou. Está hoje
retalhada e apodrecida, mas por isso mesmo a está encharcando o Espírito, mais
intenso e poderoso que nunca, ardendo na Ira e na Justiça e no Ciúme e na
Compaixão e na Misericórdia e na extrema Loucura do Amor de Deus, prestes a
realizar nela o mais assombroso Prodígio de toda a sua História!
E atrevo-me a pedir-Lhe, ao Espírito, que a queime com o Seu Fogo, até
ao extremo da dor que ela puder suportar, até que ela seja purificada de todas
as suas traições, de todos os seus crimes, de modo a não ficar nela nem um
vestígio de impureza. Que não saia dela. Que não a rejeite simplesmente, para
fundar, longe do seu corpo em decomposição, uma nova Igreja. Que a queime até
que ela possa ser ressuscitada, de modo a aparecer irreconhecível na sua
Inocência diante dos olhos de todos. Que a cinza que resultar do incêndio não
fique a atravancar e a conspurcar a Vida, mas rapidamente desapareça sem deixar
vestígio!
Estou pedindo ao Espírito uma impossibilidade: que não chegue a haver um
cisma. Que a velha Igreja acabe por ver na Grande Tribulação um Fogo vindo do
Céu e se deixe purificar, até que possa acontecer nela a Ressurreição. Que
aceite deixar-se morrer. O Espírito é o Senhor de todos os Impossíveis!
…
Pedi na vigília ao Espírito que realizasse o impossível prodígio de
converter esta Igreja, esta mesmo que conta já com pouco menos de vinte séculos
de traições ao Caminho puro do seu Mestre. Sabemos que as instituições nunca se
convertem; só os corações, um a um, se podem converter. Só aqui é, pois,
possível, operar o inaudito Milagre. E só por esta via a instituição pode
desaparecer. É isto mesmo que estou pedindo com quantas forças a minha Alma
puder reunir. É uma ânsia que me consome: que a Igreja, como instituição,
desapareça simplesmente. Mas não porque alguém a esmague ou derrube a partir de
fora: que seja ela mesmo, a partir do seu interior, isto é, a partir dos
corações, a ver-se na hediondez do seu Pecado e a desejar ardentemente
percorrer todo o caminho da sua conversão, até ao seu Renascimento.
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