Desde o início desta escrita quer fui
confrontado com uma tão permanente e tão radical Novidade, que a cada página
que escrevia mais o espanto me crescia. E não demorou muito até que, sem dar
conta, me vi perante a perspectiva, não de uma mudança, mesmo que profunda, mas
de um verdadeiro Recomeço. A expressão que Jesus usava era Tudo Novo! E ficou isto gravado em textos como este:
Deus nunca admitiria uma Criação remendada, desfigurada por cicatrizes
múltiplas: o Esplendor que Ele viu diante dos Seus Olhos ao Sétimo Dia, depois
de toda a Obra estar consumada, nunca será superior àquele que os Seus Olhos
contemplarão na Consumação dos Séculos.
Tudo no Princípio foi criado, aliás, com o dinamismo da Vida: quando
dizemos que Deus completou a Sua Obra, não estamos a afirmar que tudo ficou imobilizado
na sua máxima perfeição; estamos a falar apenas da Sementeira de Todas as
Surpresas! Foi a partir daí que tudo ficou pronto para surpreender
continuamente, porque ficaram estabelecidas para sempre as Rotas da Harmonia: o
Caos estava definitivamente encerrado no Abismo, cumprindo, também ele,
doravante, a missão de surpreender harmoniosamente a própria Harmonia! Só
quando tudo assim estava disposto para que a Paz fosse universal e a Felicidade
fosse perfeita e segura em toda a Criação, é que Deus, finalmente, descansou.
Mas o Pecado veio rasgar uma enorme ferida na Harmonia. E esta situação
Deus não a tinha previsto. Não sei mesmo se Se lembrou da possibilidade de ela
poder vir a acontecer quando, dominado pela ânsia ingénua e louca de dar a alguém
fora de Si a Felicidade de que estava possuído, criou Anjos e Homens
inteiramente livres. Não, Ele não Se lembrou por certo dessa terrível
possibilidade, nessa Hora louca do Amor. Por isso ninguém pode calcular de
forma nenhuma a Dor de Deus ao ser de repente colocado perante a Traição, de
todo inesperada, das Suas criaturas.
Por isso, se eu tivesse uma voz que se ouvisse na última estrela do
Universo e nas mais longínquas profundezas do Abismo, eu haveria de gritar para
o âmago de todas as criaturas a Vingança de Deus: aqui mesmo, aqui no
lugar da Chaga e da Dor, será Tudo Novo e a nossa Felicidade ultrapassará a de
outrora! (Dl 27, 19/2/04,
às 5:17 horas)
…
Este surpreendente carinho que Jesus nesta Profecia sempre manifestou
para com a nossa carne está testificando a insistente mensagem dos últimos
dias: o Paraíso é para ser restaurado aqui, onde ele já foi e onde agora é o
Vale das nossas Lágrimas!
E é também esta inesperada ternura de Jesus pela nossa carne assim
diminuída e desfigurada como ela se encontra que melhor revela não suportar Ele
curá-la deixando-a cheia de cicatrizes, conforme Ele mesmo esta noite nos
mostrou. Por isso é preciso que a Carne morra. Mas não como podridão que se
rejeita, mas como uma semente que se guarda e acarinha até à hora de ser
semeada para que, morrendo, possa libertar na nova planta todas as
potencialidades nela escondidas.
É que – recordemos todos com muita atenção! – Deus nunca deita
simplesmente nada fora daquilo que um dia Lhe saiu das Mãos amorosas e criadoras.
Por isso é esta mesma carne de cada um de nós, purificada e condensada em
semente – e não uma outra qualquer carne avulsa! – que, de novo regressada à
Unidade com o Sopro da Vida, ressurgirá, inteiramente livre e imaculada aqui mesmo, à vista dos próprios olhos
carnais! (ibidem, às 10:47:37)
Veja também os textos 19 (Março 2010) e 490 (Julho 2011)
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