– Maria, os Sinais falam-me da Paz, do
Espírito e da Luz. E deste modo me apontam o Mundo dos nossos Sonhos, cuja
Manifestação tanto nos tarda, tanto, tanto!…
– Mas não desististe de esperar esse Dia,
pois não?
– Às vezes é difícil manter-me firme, à
espera…
– Conta, conta o facto que assim te fez
aflorar esses sentimentos.
– Escolhi há dias um texto.
– Escollhemos há dias um texto…
– Sim, pois, desculpa. Um texto para enviar
para o boletim da associação de padres casados a que pertenço. E li-o ontem a
duas das minhas filhas que almoçaram comigo. Era sobre o Natal. Ao fim, a mais
nova apenas disse que o texto não traz nada de novo – que a festa das luzes e
das prendas fez esquecer completamente Jesus. Que está é literariamente muito
bem escrito. E o facto de estar em diálogo – é um diálogo Contigo! – não
questiona as pessoas? – perguntei. Que não, de maneira nenhuma; é apenas um recurso
estilístico. Imaginação, apenas? Sim, claro, exactamente como os diálogos
criados por qualquer romancista ou dramaturgo.
– E tu?
– Tentei não acusar o choque que aquele
comentário me provocou. Mas foi como se caísse, desfeito, no chão.
– E todos os textos até hoje aqui escritos
igualmente no chão, reduzidos a pó!?
– Pois… Tu sabes como fico destroçado quando
me falam do valor literário destes textos.
– E porquê? Não valem nada, literariamente?
– Nunca fiz nada para que as pessoas reparassem
no brilho da minha obra.
– A obra é tua?
– É esse o problema: a arte literária que
porventura aqui haja é vista pelas pessoas como obra minha. Nunca a expressão
da Mensagem é vista como obra de Deus. Ora, se a única coisa que destacam é a
minha obra, como chegarão à mensagem?
– E que mensagem querias tu que elas
captassem, naquele texto?
– Desde logo, a possibilidade real de um
autêntico diálogo com Deus e com todas os habitantes do Céu. Depois o texto diz
que Jesus está vivo e crescendo por baixo do espalhafato dos festejos
natalícios; que por trás destes festejos o mundo está reduzido a um deserto
gelado; que apesar disso Jesus insiste em nascer neste mundo da Ausência,
porque veio buscar o que estava perdido e nos ama loucamente; que o Espírito
vai reunir os pouquinhos que O sentem nascer e vai fazer deles uma Avalanche de
Luz. E aquela minha filha não viu nada disto!
– Mas a tua filha é uma jovem, sem nenhuma
formação teológica. Talvez que os teus colegas, a quem desta vez é dirigido,
tenham uma reacção diferente, não?
– Não faço ideia. Também já um deles uma vez
me gabou o valor literário e ficou-se por aí. Esse até me devolveu o livro!
– Pobre menino! Já não esperas então mesmo
nada deste mundo!?
– Pelos resultados obtidos até agora… Não,
Maria, não!… Ninguém vê o Tesouro aqui escondido!
– Então para que mandas tu o texto para o
boletim?
– Porque não sei quando o Espírito virá
desencadear a Hora. E porque Te senti junto de mim incentivando-me a mandá-lo…
São 9:21!
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