Há dias que o Espírito insiste em aparecer entre os meus Sinais. E
significativo se me está tornando cada vez mais o facto de ter sido o zero o
escolhido como Sinal Seu. É que o zero, de um lado dos outros algarismos é nada
e do outro é um multiplicador infinito.
Ora esta noite entendi que Jesus me quis mostrar uma realidade que é
muito difícil de entender para a nossa carne tão isolada da imensidão do
Invisível, onde, por outro lado, nos parece que se passam os grandes acontecimentos
da nossa vida. Eu fui, de uma forma muito engenhosa, conduzido à noção de corpo espiritual: o meu corpo físico
abriu-se, deixou sair de si uma fantástica imensidão que inicialmente me
parecia um puro vazio e tornou-se, ele próprio, cada vez mais pequeno e mirrado
perante o crescimento fulgurante da minha Intimidade, ficando reduzido a um
minúsculo ponto negro como a crosta de uma ferida em processo final de cura
naquele imenso corpo. Surpreendente foi a imagem que de repente então me
ocorreu: aquele corpo imenso acabara de nascer e aquela crosta era só a marca
do cordão umbilical que haveria de permanecer para sempre como sinal do corpo
que me deu à luz!
Isto é, no meu corpo imortal renascido ficará para sempre a marca da
carne onde ele foi concebido e germinou!
Mas havia um elemento naquela visão que especialmente me custava
entender: o meu corpo abria-se, não para cima, para o céu, mas par baixo, para
o chão, para a terra, como que engolindo-a na sua invisibilidade. Sim, porque
aquilo que avançava era o próprio vácuo inicial, como se fosse simplesmente o
absoluto Nada alastrando para o ser da terra e absorvendo-o. A pouco e pouco
aquele vazio, conservando-se vazio de realidade material, foi-se povoando de
ser, de vida - justamente toda a portentosa vida do planeta Terra,
desde as suas entranhas de fogo. O tumultuoso fogo interior, o imenso mar
indomável, a solidez das montanhas e a fresca fecundidade dos vales - tudo
tinha ser consistente naquela esfera invisível que agora era todo o globo
terrestre. Mesmo assim, eu não conseguia segurar numa linha bem definida os
limites daquela esfera descomunal: à minha volta só havia espaço e as
possibilidades de avanço para aquele espaço eram ilimitadas.
Foi aqui que Jesus me levou à compreensão da minha grandeza interior:
várias vezes me tocava a sensação de que eu era todo o Universo, para além do
qual aquele mesmo Nada inicial se estendia, para onde eu me poderia expandir
infinitamente. Mas a visão mais insistente mantinha-me dentro dos limites da
Terra, talvez para mais claramente eu chegar àquela conclusão inesperada:
dentro de mim era autêntico Céu libertado que, em vez de se rarefazer, se vai
saturando de realidade à medida que avança!
Sem comentários:
Enviar um comentário