Numa leitura directa, estes Sinais dizem-me que sou Testemunha da
Igreja.
- E que quer isto dizer, Mestre? Fala comigo, que estou
de coração oprimido pela secura… Vê há quanto tempo estou parado.
- Descreve, o mais exactamente possível, a tua situação
interior.
- É como um território de névoa, onde nada de definido
se consegue ver e onde por isso também os passos são travados. É todo um clima
mole, em que só apetece dormir…
- Mas há pensamentos que vêm e vão…
- Sim, pensamentos vagabundos, apenas, mas nenhum
sentimento, a não ser esta mágoa, meia embotada também, de nada sentir. Vês
como não consigo captar nenhuma palavra Tua?
- É só de Mim que tens dificuldade em captar a Voz?
- Há outras vozes e imagens, mas muito fugidias também…
Esta névoa é densa… Pareço estar num pântano…
- E que mais gostarias de ouvir neste momento?
- Que através desta situação estou sendo moldado à Tua
perfeita Imagem.
- E o que pode estar a ser moldado em ti com semelhante
material?
- Várias coisas: a Paciência, a Esperança, a Humildade,
o Discernimento…
- E isso são características de alguém que deva ser
Testemunha da Minha Igreja?
- Certamente.
- Há alguma coisa de comum entre aquelas
características?
- Parecem remeter todas para segurança, solidez…
- Também o Discernimento tem a ver com solidez?
- Pois tem: se não houver um discernimento agudo das
situações, instala-se a insegurança.
- E porque é que esta situação que estás vivendo te
pode dar o Discernimento?
- Porque é uma situação difícil, exactamente contrária
à claridade, à definição. Nela sou obrigado a procurar, com paciência, com
esperança, com humildade, a Luz. Em situações assim olha-se muito para dentro,
à procura de qualquer coisa de nítido.
- E que ouviste, para além da Minha Voz?
- Com maior nitidez que o habitual ouvi, a espaços, uma
gargalhada estridente, de troça.
- E como passaste a ouvir a Minha Voz, que de início
tanto te custava ouvir?
- Esperando, com paciência.
- No meio de gargalhadas de escárnio?
- Sim, Mestre.
- No meio de um silêncio enevoado e pesado?
- Sim, um silêncio opressivo.
- Escreve agora as palavras que aprendeste noutros
tempos e que desde o início te bailam no espírito.
- “Onde está Pedro, aí está a Igreja”.
- Então nunca saias do teu lugar, mesmo que à tua volta
haja só um silêncio opressivo, cortado por gargalhadas de escárnio.
São 4:53.
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