Falo de Sexo, aparece o Diabo! E muito
provavelmente eu serei um dia associado ao Diabo por muitos dos que me lerem e
por outros que através destes tenham ouvido falar de mim. E não pelas grandes
heresias teológicas que porventura aqui descubram, mas por uma coisa muito mais
simples, que só muito indiretamente tem a ver com o Dogma: o Sexo. A Teologia
Dogmática julgo que nem fala dele. E mesmo a Teologia Moral, que tantas páginas
encerra sobre a Sensualidade e as suas implicações nas relações humanas, ao
aproximar-se do Sexo pára, eriça-se e afasta-se sussurrando coisas, com um ar
estranho, entre arrepiado e curioso…
O Tabu perfeito! Parece até que o Santo
Temor que inundava o coração dos nossos progenitores primordiais, ao
contemplarem as duas Árvores especiais do Paraíso, foi transferido para este
outro centro. E de Temor Santo se fez Medo. Isto é, enquanto as Árvores se
deixavam contemplar e nos poderíamos inebriar com a sua beleza, uma vez violado
o seu Mistério ao apropriarmo-nos do seu fruto, a fonte da nossa felicidade,
que as havia de substituir, construiu uma muralha à sua volta, artilhou-se com
todo o tipo de armas, e nas vigias, em cada esquina, colocou espectros
assustadores. E a nova situação tornou-se, esta sim, friamente cínica. Ela
proclama: Agora tudo é nosso! Mas acrescenta: A felicidade, no entanto, só será
servida a quem e como eu quiser! E
ninguém mais soube ao certo quem seria este “eu”; só ficámos a saber que não é
já o Senhor nosso e daquelas Árvores, que a Vida e a Harmonia começaram a perder
a força, e que ali, naquele novo centro estava agora a nossa felicidade.
Aprisionada. Agressiva. Discriminatória…
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