23/2/00 - 4:04
Ah, se os corações se deixassem conduzir pelo Espírito! Aceitarmos ser
conduzidos pelo Espírito é aceitarmos regressar à nossa genuína natureza. Não é
o Sopro da Vida toda a Lucidez do nosso Barro?
Mentiram-nos desde o princípio. Falaram-nos em independência e liberdade
para nos enfiarem numa monstruosa prisão, onde a própria consciência da nossa
Liberdade nos foi sugada. Por isso agora, ao procurarmos a liberdade, sempre
mais nos aprisionamos.
Eu sou feito de Barro e do Sopro da Vida e esta é a minha natureza: ser
Barro permanentemente vivificado pelo Sopro da Vida. Não tenho duas naturezas!
Como me fui eu convencer de que só o Barro é a minha natureza? Ora é esta mesma
a independência de que sempre nos falaram: ser só Barro! Rejeitando o Sopro da
Vida, é obviamente só a barro que eu fico reduzido. E que independência pode
haver no barro? Não está ele todo dependente do chão, de que não consegue
desagarrar-se?
Ao tentarmos dispensar a Lucidez do Espírito em nós, comendo do fruto da
Árvore da Ciência do Bem e do Mal, o que fizemos foi criar uma horrorosa
divisão na nossa natureza una, feita de Barro tornado Ser Vivente ao receber o
Espírito. Nem o Espírito sem Barro seria Homem, nem o Barro sem Espírito
poderia ser Homem! É esta, pois, a natureza do Homem. Espírito sem Barro é só
Espírito; Barro sem Espírito é só Barro. A natureza do Homem é esta própria Unidade entre Barro e Espírito. Há nele,
pois, um elemento criado e um elemento incriado, mas só quando se uniram é que
nasceu o Homem. Se eram duas naturezas distintas antes de formarem o Homem, ao
formá-lo passaram a constituir uma nova
natureza. O Homem nasceu ali. Não
existia antes.
É esta a portentosa Imagem de Deus que foi formada ao Sexto Dia e o
encheu todo. Era o Milagre máximo do Amor de Deus fora de Si, colocado no cume
da Criação, a quem ela toda foi dada de presente, para que com ela se
deliciasse. Era uma Dádiva que obviamente só Deus poderia manter assim
inebriante de Segredos e de Beleza. Tratava-se, pois, de uma Dádiva permanente. O Homem teria apenas que se
encantar com os infindáveis Mistérios que haveria de descobrir.
E foi esta tão gratuita felicidade que o perdeu. A Serpente sugeriu-lhe
que dispensasse Deus e tomasse posse, ele só, da Criação, conquistando-a e
refazendo-a a seu bel-prazer. Mas a natureza do Homem era também divina:
eliminando-a, deixaria simplesmente de existir como Homem. Por isso vede o
horror: o homem continua mantendo o Espírito em si, rejeitando-O!
São 7:28.
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