12/7/95 – 4:36
É muito forte a pressão para que acabe com as vigílias. Por todos os motivos do senso comum e da lógica. Que não vou aguentar, que estou prejudicando a saúde, que de tudo é preciso fazer férias. Que estou, enfim, a fazer uma violência à natureza de que muito naturalmente a natureza se vai vingar. É esta a voz do senso e da lógica. De facto, depois da vigília, não mais o sono volta a ser fundo e tranquilo como antes, frequentemente tenho olheiras e a magreza parece acentuar-se, a escrita torna-se cada vez mais lenta e pesada (já são 5:14!), afigura-se-me estar a ficar desmotivado para qualquer tipo de trabalho, passo o dia agarrado à Bíblia, à Vassula e aos papéis, enfim, toda a frieza e aridez de que tantas vezes falo não parecem ter outra origem senão um enorme cansaço, uma naturalíssima saturação.
E aqui estou eu prostrado, diante do meu Jesus que nada me responde, mas sem qualquer outra voz em que eu confie. Estou inteiramente dependente da Voz do meu Mestre e Ele ainda me não mandou parar com as vigílias. Aliás parece-me ouvir cada vez menos nítida a Sua Voz e eu já não sou capaz de agir, fazer o que quer que seja, tomar qualquer decisão sem O consultar, eu não sei de ninguém, nem de mim próprio, que O possa substituir. Neste caso, por exemplo, toda a gente me aconselharia a acabar com as vigílias, pudera!, é a mais elementar voz do senso comum que o diz. O grande problema é que eu passei a desconfiar da voz do senso comum, tão incomuns são os caminhos por onde o Senhor me tem guiado, tão ilógico é o futuro para que Ele continuamente me aponta. Onde encontro eu alguém que me diga: continua por aí; eu vou rezar por ti? Veja-se o que aconteceu com o Grupo Promotor. Na verdade, tão extremadas estão as coisas, que não parece haver terceira hipótese: ou estou bem longe já, no caminho da perdição, ou este é um caminho de especial eleição.
Claro que eu penso que a correcta é esta segunda hipótese. Ao jeito destes mesmos Escritos, eu direi que Jesus me está dizendo ser esta a hipótese correcta. Dizendo como? Através da alegria tranquila que levemente poisou no meu coração ao escrever a segunda hipótese e através do grande critério do Evangelho: a segunda hipótese é o caminho difícil!
Estou, pois, esperando, sempre esperando, de livros e papéis na mão, pronto a ouvir e a registar o passo seguinte, numa crescente expectativa e num crescente sofrimento, confiando em que o Mestre, por qualquer meio, me vai guiar ao que em cada momento quer que eu faça. Neste momento, por exemplo, pergunto-Lhe onde quer Ele que eu leia e ouço: Paralipómenos… Baruch… Jeremias… Génesis…
Não há dúvida de que facilitar Ele me não está facilitando nada… E se eu usasse o dedo? Porque não? Há tanto tempo que o não uso… Na Vassula?… Na Bíblia? Como faço para decidir?
– Decide Tu, Jesus! Eu entreguei-Te a minha vontade, lembras-Te? Não deixes o Demónio bloquear-me desta maneira. Como? Escrevo demónio com letra minúscula? Eu sei que ele nada vale perante Ti, mas vale muito perante nós-sem-Ti. Linda expressão, não? Achá-la linda é vaidade? Quando me preenches todo o vazio do coração? Eu não Te deixo?… E como se faz para deixar? Eu já não sei o que mais possa fazer. Abandonei-me a Ti, não vês? Como? Não abandonei nada?
Sinto o Mestre aproximando-Se de mim e colocando-me lentamente a mão sobre a cabeça cansada, levemente dorida. Não sei porque me não fala…. Todas as vezes que me ponho à escuta, ouço “Paralipómenos!”, mas penso que é por ser uma palavra esquisita e dá-me a impressão de que o Diabo me está gozando. Mas uma ideia me veio agora: e se eu fosse abrir mesmo nos Paralipómenos? Ainda por cima acabei por ouvir “Paralipómenos, dez, treze”… “catorze” – ouvi ainda. E logo a seguir: “Quinze”… E vou ouvindo os números seguidos se insisto em escutar: dezasseis, dezassete… Sinto-me ridículo. Mas penso: se o próprio Demónio me está conduzindo à Bíblia, seja em que livro for, ele está minando o seu próprio reino. Vou abrir em Paralipómenos dez, treze. O resto foi segunda voz e Jesus um dia disse-me que não atendesse à segunda voz, porque é a do Intrometido. Eis, pois:
Par 10,13
Mal abro a Bíblia, verifico que há dois livros dos Paralipómenos, porque ela abriu no segundo destes livros. Vejo nisto um sinal de que é aqui que o Senhor quer que leia… Ela está aberta nos caps. 8 e 9, que falam ambos de Salomão. É grande a minha curiosidade em virar a página… Devo, pois, primeiro, corrigir a citação:
II Par 10, 13
“O rei respondeu-lhes com dureza. Desprezou o conselho dos anciãos”.
É este o versículo treze! Já não é de Salomão que fala, porque ele morre no fim do cap. 9. O que acabo de ler é uma completa desilusão. Mas eu já conheço o Mestre. Apenas Lhe peço que me deixe ir descansar.
São 5:49.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário