– 8:49
– Ajuda-me a fazer o anúncio do Nono Dia, Mãe. Vi naqueles Sinais que o vais fazer.
– Viste bem. Crê nos mudos Sinais do nosso Deus e Ele fará de ti Voz Sua que todos ouvirão distintamente.
– Ah! É para me fazer a mim Sua Voz distinta que me não tem permitido ainda ouvi-Lo distintamente?
– São só Amor os caminhos do nosso Deus, Meu filho.
– Mãezinha, ao dizeres “nosso”, quase Te sinto como minha Irmã.
– “Quase”?
– Sim… Tenho um certo receio… Estas coisas são estranhas às nossas categorias mentais… Aqui ninguém pode ser ao mesmo tempo irmã e mãe.
– Estamos a fazer o anúncio do Nono Dia e esse Dia vai abrir-vos a imensidão do Céu.
– E nesse Dia Tu serás também a nossa Irmã?
– Repara: porque Me sentes tua Irmã?
– Porque acreditaste no impossível, como o Senhor me está pedindo a mim que acredite. Sinto-Te tão nossa, assim tão anónima entre as moças todas que anonimamente percorrem as nossas ruas… Não sei… Sinto-Te tão Irmã da nossa fragilidade, tão perdida como nós nas ruas da nossa Babilónia, que ao ver-Te aceitar o impossível Anúncio do anjo apetece-me ir ter Contigo, dar-Te um abraço muito apertado, como daria a uma das minhas irmãs, um abraço carregado de uma enorme, inexplicável gratidão por teres dito que sim ao anjo, a dizer que estou Contigo nesse ingénuo e louco, nesse inocente passo no Desconhecido, nessa encantadora Fé que me esmaga de encanto! Minha pequenina, querida Irmã! Posso dizer assim? Pode ficar assim escrito?
– Meu irmão, Meu querido ingénuo, como e amo!
– Assim mesmo? Assim tosco, assim brutamontes?
– Meu querido irmãozito!…
– Cuidado, Mãe! Olha que Tu és a Rainha do Céu e da Terra!
– Por isso mesmo, Meu amor: o nosso Pai deu-Me o poder de nunca dizer asneiras.
– Vossa Majestade é minha Irmã!… Isto é uma loucura!
– O Nono Dia, como tu lhe chamas, será uma loucura para toda a terra, Meu querido rei pacífico.
– Ah! É ainda o Nono Dia que estamos anunciando!?
– Pois é, Meu distraído… Não foi isso que combinámos?
– E eu a julgar que já estava tudo anunciado!
– Não escreveste já tantas vezes que o Mistério de Deus é inesgotável?
– Sim. Compreendo que se o não fosse, Deus não seria Deus. É inconcebível à nossa mente a eternidade e a infinitude!
– Compreendes então porque é tão ridículo o orgulho do homem?
– Sem a nossa televisão veríamos mais longe?
– Quanto mais!
– Então quanto mais Cidade, mais cegueira!?
– A Criação, como Deus a fez, é inultrapassável em sabedoria e em perfeição. Porque a destruís?
– Virás aqui para o pé de nós, no Nono Dia, ensinar-nos a inverter os nossos caminhos, tirar-nos todo o medo do coração?
– Eu sempre estive convosco.
– Ajuda aqui, Mãe… Se não quiseres que escreva isto, desvia-me para outro lado: os que viveram antes de Tu nasceres em Nazaré, antes de seres glorificada, não tinham Mãe, no Céu, nem Irmã?
– Só não Me tiveram antes de Mim aqueles que Me não tiveram depois de Mim.
– Como?!
– Não sabes que o tempo faz parte da carne e que só a ele ficou o homem amarrado porque pecou?
– Então…
– Não há antes nem depois, para Deus. A Minha Ternura materna, o Meu Carinho de Irmã, desde sempre poisou no coração daqueles que viveram do Céu.
– Não sei se entendo, mas abençoa o que escrevi, minha Mãe, minha Irmã, minha Rainha!
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