7/1/02 - 5:18
- Conduz-me, Maria, à Fonte da Água viva, mesmo que lá não chegue, mesmo que dela não beba eu, mas ao menos a abra à sede das multidões moribundas deste Deserto.
- E quem te impediria que bebesses da Água que darias aos outros?
- Eu não sei dos caminhos e dos desígnios de Deus, a não ser que gosta muito de mim e com não menos amor ama e quer que se salvem todos os homens.
- Admites que Ele te leve à Fonte, para dares água a todos os outros, enquanto tu morres de sede?
- O que eu admito é não me lembrar sequer de beber perante a sede das multidões. Deus nunca proíbe nada a ninguém, muito menos de beber da Sua Fonte.
- O que estás pedindo então é apenas que Ele te leve às multidões, a oferecer a Água que tens acumulada atrás da barragem que foste levantando no Deserto!?
- Fui também eu que até agora impedi as Águas de jorrarem em direcção à sede das multidões?
- Não tens verificado que elas não penetram e não ultrapassam as palavras que lhes ofereces?
- Ah! A linguagem e todo o clima em que envolvo estes Diálogos é também a barragem que sustém as Águas acumuladas durante estes sete anos de Deserto?
- Não sabes que é o feto que constrói no útero materno a própria placenta que o envolve e protege até à hora de nascer?
- Então as palavras que escrevo são também placenta escondendo Deus em gestação na nossa carne!?
- Pois são: é necessário que as próprias palavras protejam o Tesouro que contêm, até à hora fatal de o darem à luz.
- Então a edição dos Diálogos não significou o nascimento de Jesus!?
- Não; foram só a primeira manifestação pública de que estás grávido de um misterioso Tesouro…
- Sou como a mãe que não pôde mais esconder a sua gravidez, porque o ventre lhe cresceu a ponto de dar nas vistas?
- Exactamente.
- Então o que estou vivendo são só os enjoos e todos os incómodos dos últimos tempos de gravidez!?
- Sim, podes comparar os tempos que vives aos últimos tempos de uma gravidez, em que os incómodos tiram o interesse por tudo, excepto pelo momento do parto, que parece nunca mais chegar.
- Então o meu mal, na verdade, não é sede!
- Pois não; é só a ânsia ainda não satisfeita de dares à luz a Água inesgotável que se foi acumulando no teu seio.
- Então esta frieza, esta secura, este mal-estar…
- São só especiais incómodos de uma gravidez especial.
- Não pode então faltar muito para que o meu ventre se abra !…
- Não, não falta muito; falta só que todos os astros se encaminhem para os seus lugares, para receberem a luz que lhes mostrará a Terra, de novo, como centro do Universo.
- Então ampara-me, minha querida Companheira, nestes tão trabalhosos tempos da Esperança!
São 7:09!
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