15/2/01 — 4:48
— Maria, vê há quanto tempo estou à espera…
— Tenta dizer de que estás à espera.
— De quê? De tudo. Neste momento não tenho nada do que desejo. Até a Ti eu não tenho e estou a falar Contigo.
— Quem sou Eu então?
— És só o desejo de estar em Ti e a certeza de que Tu me ouves.
— A Voz que te responde de onde vem?
— Não sei… Forma-se na própria frieza em que me encontro. Aparece, simplesmente, na insuportável secura deste Deserto. Vês o esforço que tenho que fazer para captar esta Tua tão sumida Voz?
— E não encontraste ainda nenhum motivo para que isto te aconteça?
— Não. Tu sabes que eu só vou tacteando os Sinais.
— E que te dizem eles?
— Ultimamente insistem-me muito de novo em que vá, que anuncie. Mas por outro lado não se me abre nenhuma porta… Como posso entender isto?
— Não achas que seja o Demónio o autor desta situação?
— Até o Demónio o não sinto agora; sinto só mesmo este muro fechando-me todos os caminhos.
— Tu sabes que o Demónio sempre se esconde. A sua maior cilada é justamente dar a entender que não existe.
— E não podes então, Senhora, tirar-lhe a máscara e mostrar-mo, bem descascado e nu? Eu acho que não iria ter medo dele.
— E para que o querias ver?
— Não sei. Não suporto que as pessoas façam as coisas sem se mostrarem.
— Escreve o que te inundou agora o espírito.
— Foi mesmo isso: uma inundação! Como se o Inferno inteiro levantasse as armas em sinal de vitória e dissesse: Apanhámos-te! Quem mais Se esconde é Deus!
— Estás então diante de um exército inteiro!?
— Estou.
— E já tens resposta para ele?
— Já, aqui bem fundo, no coração. Mas ajuda-me a escrevê-la.
— Não parece verdade o que os diabos dizem?
— Parece. O que os diabos fazem parece sempre tudo certo.
— Repara: não acabaste de dizer que Eu própria te falo escondida?
— Sim, mas a culpa não é tua.
— Não sou Eu a Rainha do Céu? Não sou a Comandante desta Batalha? Achas tu que Eu teria alguma dificuldade em neutralizar completamente o Demónio e todo o seu exército?
— Acho. Acho que tens sempre a mesma dificuldade do próprio Deus, uma dificuldade inultrapassável: o Livre Arbítrio do homem!
— Como? Tu não Me queres junto de ti?
— Quero. Muito. Mas não Te quer o mundo. E eu aceitei meter-me no mundo com Jesus - e Contigo, naturalmente.
— Aceitas então sofrer o que Eu sofro pela multidão dos corações que Me não ouvem e de que tenho que Me manter escondida porque eles Me não querem?
São 7:26!
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