— 18:11:02
— Maria, vem retirar de sobre as minhas pálpebras o pesado sono que me oprime.
— Não querias escrever o que acabas de escrever, pois não?
— Não: estava achando que podia muito bem livrar-me do sono dormindo. E depois aquela expressão parecia-me tão solene, que não se poderia aplicar ao sono que, de facto, me incomoda.
— Porque a escreveste então?
— Porque ela me surgiu exactamente assim no espírito e não se ia embora. Por isso, mesmo não a entendendo, senti que a deveria passar ao papel.
— E já estás começando a ver algum sentido naquelas palavras?
— Sim, apareceu-me no espírito o que diz Jesus do sono da Humanidade, que dorme anos e anos…
— Tu estás inteiramente acordado?
— Não, certamente. Mas Jesus já me fez sentir a desolação do Seu Coração perante a indiferença e a insensibilidade das multidões, de facto oprimidas por um sono de milénios.
— O teu sono, então, passou a ser o sono das multidões?
— Vejo que sim: Jesus fez dele expressão e Sinal do alheamento em que Satanás mantém os homens.
— Escreve o que sentes agora.
— Sinto o espírito embotado. Como se tivesse perdido todo o interesse pelas coisas do Céu, até por este texto que escrevo.
— É esse o resultado do sono das multidões?
— É: a Cidade cansa-nos, esgota-nos com actividades contra a natureza do nosso ser, de modo que o tempo que nos sobra deste corrupio fica cheio de um som que depois se estende pelo dia inteiro…
— Eu abençoo este texto, escrito sob o peso do sono das multidões…
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