7/2/01 — 6:12
— Maria, continua a falar comigo sobre o poder da Fé.
— Diz então para onde está olhando o teu coração.
— Para onde os Sinais me apontam: para a Igreja do nosso Jesus.
— E nada vês ainda?
— É só uma ânsia que eu tenho.
— Perguntei se nada vês.
— Esta ânsia é já ver?
— Como vê o coração?
— Vê com desejos, com ânsias.
— Escreve qual é a ânsia do teu coração.
— Que a Igreja seja formada por corações que se entregam inteiramente ao que os olhos não vêem.
— Nem os ouvidos ouvem, nem as mãos tocam, nem o nariz cheira, nem a língua saboreia… Era isto que querias acrescentar?
— Sim, isso é um território novo que ontem me abriste e em que eu vou dando passos, de coração tenso… Tão longe me está levando…
— Querias então uma Igreja de sentidos todos presos a Jesus, a Mim!?…
— Sim, acho que é essa a minha ânsia.
— E como cumpririam as pessoas os seus deveres para com a Cidade, que lhes procura preencher todos os sentidos?
— A Cidade monopolizou-nos, de facto, todos os sentidos. Até o perfume das flores ela sugou e meteu nas casas, em frascos, para o poder derramar quando e onde quiser…
— Se as pessoas voltarem os sentidos para o coração…
— A Cidade cai, sim! É a via mais eficaz para destruir a Cidade!
— Vamos com calma. O objectivo da Igreja é destruir a Cidade?
— Não: é revelar às pessoas a sua verdadeira natureza e a possibilidade de se tornarem verdadeiros Filhos de Deus.
— E precisa de destruir a Cidade para revelar às pessoas s sua grandeza?
— Se as pessoas descobrirem a sua grandeza, a Cidade fatalmente será abandonada e cai em ruínas até se afundar por completo na terra donde a levantámos.
— Mas é na Cidade que estão as pessoas; se os discípulos de Jesus voltarem os sentidos todos para dentro, como podem chegar às pessoas e amá-las concretamente, elas que têm os sentidos todos voltados para fora?
— Por um pouco os discípulos de Jesus se retirarão da vista e de todos os sentidos dos seus irmãos, como fez o seu Mestre. Por um pouco a Cidade deixará de os ter consigo. Mas eles voltarão, como Jesus, agora pela via do coração.
— E como farão esse novo caminho, o do coração?
— Tal como aconteceu com Jesus, é o Espírito que os conduzirá por esse caminho novo.
— E quando voltarem, pela via do coração, que farão os discípulos de Jesus nos seus semelhantes agarrados à Cidade com todos os sentidos?
— O coração tem uma força espectacular! Se ele estiver vivo, tudo lhe obedece!
— A Igreja será então formada por corações assim vivos!?
— Sim, só pelo coração se pertencerá à Igreja.
— Nada fará então a Igreja que fixe os sentidos fora do coração!?
— Nada. O mundo já tem tralha que chegue para nos prender os sentidos fora. Os discípulos de Jesus só prenderão os sentidos na Cidade enquanto nela andarem os seus irmãos.
— E quando é que as pessoas deixarão de andar na Cidade?
— Quando ela não existir.
— Há-de então levar muito tempo a cumprir-se esse teu sonho…
— Não importa o tempo que demore, porque ele estará continuamente em realização. E as pessoas estarão já sendo felizes onde importa ser feliz: no coração.
— Queria ainda voltar a perguntar-te: tens a certeza de que a Igreja não voltará a ser feita de pessoas todas voltadas para dentro, cada uma ocupada exclusivamente com o prazer que essa introversão lhes proporciona?
— Este prazer é Amor puro. E não há nada mais atento à situação do mundo e da vida do que o Amor.
— Considera um casal, por exemplo. Se um dos cônjuges passar a seguir a vida da Fé, voltando todos os seus sentidos para dentro, que será do outro cônjuge, tão habituado à atenção do companheiro a todos os pormenores da rotina diária e até porventura a uma estreita comunhão de sentidos?
— É por terem os sentidos todos voltados para fora que os casais depressa se esgotam como amantes.
— Mas haverá, neste caso, necessariamente um conflito…
— Isso haverá. Jesus avisou: a Sua Mensagem provocará divisões profundas no seio das próprias famílias. Mas não há outro caminho. E só a Fé, suportando na Paz a dor da divisão, edificará a verdadeira Unidade.
São 8:50!
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