26/8/97 — 6:53 — Faro
Acabo de chegar para uma semana de férias aqui onde há três anos o Senhor me acordou para a Profecia do nosso tempo e com ela me seduziu. E nesta esplanada o que hoje me ocupa o espírito é justamente a mesma persistente interrogação que me vem desse Agosto distante sobre a Profecia – esta mesma que eu a partir daí sempre disse estar escrevendo: que tem este texto que agora escrevo de específico, que o possa distinguir de uma qualquer crónica de viagens ou de um vulgaríssimo diário pessoal?
Procuro e não encontro uma Profecia como esta. Aqui na mesa ao lado está um homem em manifesto estado de desarranjo mental. Come sandes de fiambre em série e discursa, desafogando provavelmente mágoas antigas – essas mágoas, talvez, que o puseram assim. Tenta prender-me a atenção com o seu discurso e, como eu continuo escrevendo, ele fala para um imaginário auditório. É em circunstâncias destas, às vezes piores ainda, que escrevo a minha Profecia. É com relatos destes que preencho a minha Profecia concebida aqui em Faro no Agosto de há três anos…
Que tem ela de profético, isto é, onde está nela a Voz do Céu, se relatos humanamente mais densos os há aos montes, em muitas crónicas e diários íntimos? Em ocasiões destas não sei e pergunto-me como foi possível eu convencer-me de que é o próprio Espírito de Deus que move e guia a minha caneta. Mas este homem doente que ao meu lado continua discursando, sempre com um indefinível sorriso, está querendo dar-me uma resposta a esta minha tão longa e funda interrogação: “Vai para a praia apanhar sol nos cornos, a ver se mudas o pensamento!” — diz o homem neste momento para o seu imaginário ouvinte. E misteriosamente é aqui que o homem começa a dar sentido a esta Profecia: ela quer ajudar os homens a mudar o “pensamento”, abrindo nas nuvens brechas por onde sobre eles caia o “Sol”.
Que impotência sinto perante este meu irmão doente! Quem me dera entender o seu sorriso, lavar-lhe do coração todas as mágoas! A Profecia que gravo é esta minha impotência à procura da Omnipotência de Deus: ela sabe onde está o Remédio para todas as mágoas…
São 8:09.
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