20/6/99 — 2:49
Sempre de novo ronda o meu coração o receio de perder Jesus.
— Gostava que me dissesses se este receio é bom, Mestre.
— Em que medida poderia ser mau esse receio?
— Não revela uma Fé periclitante? Não pode significar uma falta de confiança no Teu Amor?
— Diz-Me antes agora em que se funda esse teu medo de Me perder.
— É óbvio, Mestre: na minha propensão para seguir caminhos cómodos e fáceis. É a tendência habitual de toda a carne…
— Relata o que se passou contigo agora.
— Foi tão estranho… Ao pedir-Te, como faço muitas vezes à medida que escrevo, que Te fizesses ouvir para que eu escreva sempre a Tua Vontade, tive de repente a sensação de que, se um dia Te visualizasses diante de mim, se me aparecesses como apareces aos videntes, eu ficaria decepcionado…
— Decepcionado? Com quê?
— Não sei… A sensação é a de que este tipo de convívio que tenho Contigo deixaria de existir.
— Este convívio sem Me veres nem ouvires?
— Sim. Esta sede de Te encontrar acabaria, porque Te teria encontrado.
— Eu perderia o interesse?
— Não sei… Imagino que não saberia lidar Contigo… que não estaria tão à vontade…que ficaria mais limitado, bloqueado…intimidado… Seria, enfim, uma situação completamente nova e acabaria a relação tão funda, tão espontânea, tão amiga, tão terna que venho tendo Contigo. Imagino que ficarias mais distante de mim… Tu muito lá em cima e eu muito cá em baixo…
— Queres então que o nosso convívio se mantenha sempre este até ao fim?
— Até à hora da minha morte?
— Sim, até que desapareças da vista carnal das pessoas.
— Não sei. Só não queria de maneira nenhuma que a amizade tão simples, tão natural que mantenho Contigo algum dia acabasse.
— Devo concluir que não Me queres ver?
— Não! Não concluas isso, Mestre. Toda a ânsia da minha vida é ver-Te.
— Devo concluir então que já Me vês?
— Ah, Mestre, acho que me apanhaste! Eu já Te vejo, sim! Não pode ser outra coisa esta admiração, esta confiança, esta ternura que sinto por Ti. És tão concreto, tão vivo dentro de mim, que não posso pensar outra coisa senão que Te vejo, que Te ouço, até que Te toco, Te cheiro, Te saboreio… Às vezes mexes-me tanto até com o corpo, com os nervos, com a sensibilidade física…
— Mas às vezes dizes que gostarias de que Eu Me visualizasse diante de Ti para Me poderes dar um abraço…
— Pois digo e é verdade. Mas continuo a imaginar-Te assim nesta relação habitual que tenho Contigo.
— Não foi assim que imaginaste aquela visão de há pouco, aquela que despoletou este texto?
— Não. Imaginei talvez uma visão como a do Tabor e que passasses depois a ser para mim Alguém inacessível, inatingível… Até a Tua figura física imaginei que, pelo seu esplendor, desfizesse a visão tão humana que tenho de Ti.
— Mas olha: não estás esquecido de que eu sou o Deus Altíssimo Três Vezes Santo, pois não?
— Não!… Acho que não… Agora fizeste-me vacilar, Mestre… E se eu estivesse a esquecer-me disso?
— Seria muito grave?
— Seria gravíssimo. Seria a minha perdição. Eu estaria a ser sacrílego. Isto que escrevo seria uma profecia não só falsa, mas tremendamente perversa! Se Satanás me levasse a esquecer-me de que Tu és Deus verdadeiro na plenitude de todos os Seus Atributos e se conseguisse que mesmo assim estes textos tivessem a adesão maciça do público, isso constituiria a sua maior vitória. Seria, na verdade, um horror.
— Estão querendo sair-te lágrimas dos olhos, não estão?
— Estão.
— Porquê?
— Porque não admito que me acusem de que não Te considero verdadeiro Deus! O que de todo me esmaga de assombro é exactamente o ver-Te Deus nesta tão simples, tão chã proximidade em que Te encontras comigo. É o seres tão meu Irmão que me não deixa esquecer de que és Deus, porque esta tua loucura de Te pores assim ao meu nível transcende tudo quanto se possa pensar e dizer e sentir acerca do Amor.
— A Minha Transcendência de Deus está no Amor que assim manifesto?
— Acho que é exactamente isso, Mestre! Deus é Amor puro e é em Ti só que O podemos conhecer como Amor.
— E conhecendo-O não O reduzis ou rebaixais?
— Ah, Mestre, Tu já me ensinaste que o verdadeiro Conhecimento não esteriliza as coisas conhecidas, como o nosso conhecimento; antes as exalta e nos prostra de pasmo e agradecimento perante o seu Mistério.
— Já não tens então medo de que Eu te apareça?
— Está bem. Mas vê lá, Mestre: eu não quero perder-Te como Irmão.
São 4:42!
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