— 19:15:13
Não consigo agora escrever outra coisa que não seja a minha própria Desolação. Não sei por quanto tempo nela permanecerei. Mas se mais trinta anos eu viver e só esta secura habitar o meu coração e se o meu Mestre me não mandar parar de escrever, sempre e só esta Desolação ficará aqui escrita.
Nunca cairá nestas páginas uma única palavra que eu não tenha ouvido na minha Alma, nenhuma outra paisagem aqui alguém verá descrita senão a paisagem que em cada momento o meu coração estiver contemplando; se só o Vale da Desolação eu vir durante trinta anos, só o Vale da Desolação aqui ficará descrito, em todo o pormenor que eu puder captar, até que as minhas forças de todo se esgotem. Está combinado com o meu Mestre escrever tudo e só o que vejo e ouço na minha Alma e assim farei.
Não atinjo os desígnios de Deus, é claro, sou uma autêntica insignificância sentada no imenso Vale devastado. Mas posso ser caneta escrevendo em folhas também feitas do material do Deserto, esterilizado, liso. Para que quer Deus esta escrita, a quem servirá ela, onde irá ela parar, isso não o posso saber; sei apenas que tudo quanto na Catedral do Silêncio que nesta insignificância se levanta eu ouvir, o devo gravar em quantas folhas forem necessárias.
Porque Deus mo pediu.
O Silêncio é, de facto, agora muito alto e largo. Continuo sentado sobre o dique maciço que o homem construiu, a separá-lo de Deus. Uma estupidez que ninguém entende. Pode ser que agora o homem reconheça a sua estupidez e deixe a comporta abrir-se…
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Salomão: «As igrejas têm de morrer» gerou uma acesa, acalorada e até profunda discussão a dois, entre pai e filho. Fomos levados ao Nirvana, ao Big Bang, à nanotecnologia, ao pobre a nosso lado, ao Cristo, através de Paulo, João...e Salomão!...
ResponderEliminarA isto nos levou a loucura franciscana e profética.
Ainda bem que a profecia não acabou.
Com amizade de Elvas.