29/7/00 — 5:27
No início deste meu decisivo encontro com Jesus, há precisamente seis anos, recordo-me que Lhe dizia frequentemente, como que formulando uma promessa inabalável: Desta vez não Te vou largar mais!
Eu tinha, portanto, a clara consciência de ter abandonado Deus. Justamente a partir do momento da minha ordenação sacerdotal, acontecida no verão seguinte àquela Páscoa em que vi a Luz! Foi um afastamento progressivo, lento mas contínuo, até ao ponto de ter o meu tempo todo ocupado, dia e noite, com os meus projectos. Passava dias, meses, sem sequer elevar o pensamento a Deus! Coincide este tempo claramente com a minha inserção na “vida activa”, em que as actividades que me eram distribuídas pela Instituição me davam cada vez mais largas possibilidades de iniciativa pessoal. Era, pois, possível fazer planos que implicassem o avanço para fora do estrito cumprimento mecânico de deveres. Estive assim sempre implicado em iniciativas originais, que levava a cabo invariavelmente sozinho ao nível da direcção. Eram tudo obras verdadeiramente minhas, em que me empenhava até ao esgotamento de todas as minhas forças. Normalmente não tinham sequência quando a Instituição me mudava de lugar. Às vezes terminavam em autêntico fracasso.
Mas eram obras minhas! - julgava e sentia eu. Não me lembro de alguma vez ter colaborado em iniciativas alheias. Mesmo nas actividades mais rigidamente normatizadas e ritualizadas eu introduzia desvios de cunho original. Eu tinha que tornar meu aquilo que me era imposto. E foi assim, servindo-se desta minha aversão natural a ritos e normas, originalmente um grande Dom de Deus, que o Diabo me foi inoculando o vírus da Rebeldia. Fazia tudo em Nome de Deus, claro! Mas eram tudo obras minhas, que me tiraram todo o tempo para ouvir Deus. Proclamava eu que tudo era feito por causa do Reino de Deus - a obra e o suor nela derramado. Mas nunca me dei ao incómodo de perguntar a Deus se era aquilo mesmo que Ele queria, se a minha obra Lhe interessava. Era portanto eu que determinava quais eram as obras que agradavam a Deus. Eu era verdadeiro Caim, acumulando diante dos Olhos de Deus ofertas e mais ofertas, sem procurar saber se Lhe agradavam.
É claro que Deus as rejeitou todas, como fez com a oferta de Caim. E só agora vejo o Seu Olhar triste, dizendo-me: Pára, Salomão! Nada disso Me interessa! Ouve-Me! Ouve-Me! Só quero que Me ouças!…
Então um dia Deus veio ter comigo e eu ouvi-O, finalmente. Ele ficou muito feliz, porque passara trinta anos a ver afastar-me e depois a esperar que eu voltasse. Sempre junto de mim. Até que O reconheci: era a Luz que eu tinha visto!
São 7:31.
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