E
se fosse possível mantermo-nos encantados com os outros quando eles começam a
revelar-nos os seus defeitos? Veja-se isto: não são justamente os defeitos dos
nossos bebés que mais ainda nos encantam? Defeitos são sempre incapacidades,
mesmo se mascarem de força e poder. Que bom seria então que as nossas
incapacidades mais ainda despertassem nos outros o Encanto!
17/6/9 – 9:02:01
– Mãezinha, estou encantado com o Teu Jesus.
Diz-me o que isto é.
– Olá, Meu pequenino! Não sabes o que isto
é?
– É o próprio Jesus,não é, Mãe?
– Conheces algum encanto que não seja Deus?
– A gente aqui, na maior parte das vezes,
não tem consciência de que o encanto, todo o encanto, é Deus. Porque não
arranjas maneira de nos revelar o Encanto como o próprio Deus?
– Já viste porque é que o Encanto é Deus?
– Porque acontece. Não é uma conclusão que
se tire. Porque vem do coração.
– Onde costumas ver, no mundo, encanto puro?
– Nas flores. Nos bebés.
– Porquê nas flores?
– Porque vêm de dentro dizer que a Beleza
está lá, escondida.
– E porquê nos bebés?
– Porque são todos coração. Porque nada nem
ninguém os comanda, a não ser o coração.
– E que queres mais de Mim agora, Meu
menino?
– Quero que estejas aqui a falar
comigo.Olha: porque me trataste por “menino”?
– Porque Me encantas.
– Mas eu não estou ainda uma coisa bruta e
deformada?
– Estás.
– Então…?
– Por isso Me encantas.
– Encanto-Te por estar assim torto,
deficiente?
– Por essa coisinha deficiente querer ser
perfeita.
– Só por querer?
– Querer ser perfeito, em vós, é já sê-lo.
– Vês-nos perfeitos na nossa disformidade?
– Pois vejo, Meu amorzinho.
– Mãe, eu não estou a pôr na Tua boca as
palavras de carinho que eu queria que alguém me dissesse?
– Estás. E depois?
– Depois…não são falsas as palavras que Tu
aqui dizes nestas folhas?
– Não são estas as palavras que tu
desejarias que te dissessem?
– Se fossem ditas por alguém aqui no mundo,
não.
– Não?
– Não. Acharia que me estariam a reduzir ao
seu círculo afectivo e nunca vi aqui ninguém com um círculo afectivo
suficientemente largo para mim. Os carinhos que as pessoas me dirigem…não sei
como é: tenho a sensação de que me reduzem, me aprisionam.
– Os Meus carinhos não?
– Não. Ao dizeres-me um carinho destes,
parece que me alargas o coração até à dimensão de Deus. Ao dizeres “amorzinho”
colocas-me no círculo afectivo de Deus, que é muito maior que o Universo inteiro:
não se lhe vêem os limites. E nesse círculo estás Tu, Mãe.
– Eu sou um círculo afectivo?
– És. És só um círculo afectivo.
– Com corpo?
– Sim. Como o Teu Jesus.
– E que lugar ocupo Eu, no círculo
afectivo de Deus?
– Não sei. Não consigo ver os limites do Teu
círculo afectivo.
– E vês os limites do círculo afectivo do
teu Anjo da Guarda, por exemplo?
– Vejo….não sei. Parece circunscrever-se
mais a mim, aos caminhos todos por onde eu ando, como se me envolvesse.
– Como uma auréola?
– Sim, Mãe. Que podem dizer as nossas
palavras?
– Simão, o teu Anjo, limita-se a ti?
– Acompanha-me sempre. Mas ouve qualquer
amigo de Jesus aqui na terra que o invoque… Vá, não me fujas, Mãe.
– Eu, fugir-te?
– Pareceu-me que te ias calar, que o Teu
encanto estava a desaparecer de mim.
– Não posso dar lugar ao encanto do teu
Anjo?
– E é preciso retirares-Te para que eu sinta
o encanto dele?
– Nenhum de Nós, aqui no Céu, está
simplesmente diluído no Encanto de
Deus. Cada um de nós tem o seu específico encanto. Por isso também o próprio
Deus Se encanta com cada um dos Seus Santos.
– Ouvi o Teu Jesus dizer que o maior encanto
de Deus é quando aqui na terra um pecador se converte.
– Sim. Todos Nós vibramos de felicidade.
– Olha: Tu és muito querida, Mãe! Tu deves
ser o maior de todos os Encantos, para Deus!
– Sim, sou.
A Senhora baixou os olhos, ao jeito daquela
jovem Rainha que corou. Eu chamo-Lhe Pequenina, Pequenina de Nazaré, muitas
vezes, nem sei porquê. Sai-me assim. E creio que é pelo Seu Encanto de Rainha
do Céu tão nossa!…
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