Creio saber que a última palavra do
“Pai-nosso” está mal traduzida: não deveria ser “livrai-nos do Mal”, mas
“livrai-nos do Malvado”. O Demónio existe, portanto, e intervém de forma tão
abrangente nas nossas vidas, que toda a Cidade, que na verdade é dele, só foi
possível levantá-la instrumentalizando o nosso corpo, que ele não tem.
14/6/96 – 4:36
– Jesus, estou há tanto tempo sem conseguir
concentrar-me em Ti…Porque me está o espírito assim povoado de tantos
pensamentos estéreis, a desviar-me do Teu Mistério?
– Porque o Demónio tem medo de te perder
definitivamente.
– Mas porque consegue ele reter-me assim a
atenção, se nada na sua Cidade me interessa?
– Nada na Cidade te interessa?
– Só se for dar cabo dela.
– Regista a tua sensação neste momento.
– Não consigo escrever.
– Porquê?
– Não me vêm as Tuas palavras e estou com
medo de não escrever o que Tu desejas.
– E isso faz-te sofrer?
– Pois faz.
– Essa força que não te deixa estar Comigo,
como a sentes?
– Como Tua inimiga: não quer que eu Te
ligue.
– Tem então uma personalidade própria, essa
força?
– Parece que tem.
– Porquê?
– Porque contraria o meu desejo.
– Mas não pode essa força ser só a tua
natureza que te pede descanso?
– E que natureza é esta, que me contraria o
desejo? Não são os desejos as grandes forças da natureza?
– Sim. O desejo de te meteres na cama, por
exemplo.
– Eu não desejo meter-me na cama!: o meu
desejo é a felicidade que me vem de estar Contigo.
– Haverá então alguém interessado em
afastar-te de Mim?
– Só pode ser!
– Crês então que o Demónio existe?
– Creio.
– E que poder tem, o Demónio?
– Um poder aparentemente enorme: ele
conseguiu fazer sobrepor a sua Cidade à Tua Criação. Quase não há já sítio na
terra que se conserve puro como saiu das Tuas Mãos.
– Tudo isso foi o Demónio que o fez?
– Ele é espírito: só pode actuar através do
espírito. Materializar o que está no espírito só nós homens o podemos fazer,
porque temos um corpo. A Cidade concreta, que captamos com os sentidos, é toda
obra das nossas mãos.
– Materializastes então apenas as ideias do
Demónio?
– Não sei, Mestre. Porque me manténs neste
nível tão intelectual, tão árido?
– Porque é o clima da Cidade onde te
encontras.
– Sim. E…..?
– E é nesse clima que Eu vivo. Foi na Cidade
que Eu incarnei, justamente onde encontrei os homens.
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