Jejum é a privação de alguma coisa que nos é natural e é por isso um
verdadeiro bem. Deus fez isto sobre Si mesmo. O Seu grande Jejum foi a Incarnação
– está sendo a Incarnação, porque ela é perpétua. Incarnando, Ele privou-Se da
sua glória e da Sua felicidade eternas, para viver connosco a nossa permanente
Deficiência. Só este jejum é bom, seja ele de que espécie for: o jejum por amor.
21/5/96 – 2:26
– E já sabes agora o que quero de ti?
– Não; só sei o que eu quero de Ti.
– E que é?
– Que me fales. Que me não deixes cair em
nenhuma tentação. Que faças, sem hesitar e sem o mínimo escrúpulo, a Tua
Vontade em mim.
– Não te importas de sofrer, se Eu to pedir?
– Não.
– Se te pedir que jejues, tu jejuas?
– É claro que jejuo.
– A pão e água?
– A pão e água.
– Farias isso?
– Se fosse claro o Teu pedido, se eu tivesse
a certeza de que mo pedias, fazia.
– Mas sabes que eu não to peço, pois sabes?
– Sinto que mo não vais pedir.
– Porquê?
– Não sei bem… Não combina muito com a Tua
pedagogia.
– Porquê?
– Não sei… Porque eu estou já jejuando de
outras maneiras… Porque Tu não acumulas sacrifícios só para fazer sofrer…
Porque tinha há pouco a Bíblia aberta à minha frente e li “por acaso”
justamente a passagem em Mt 9, 14 e seguintes, em que os fariseus Te acusam de
não praticares o jejum com os Teus discípulos.
– E que respondi Eu aos fariseus?
– Que os Teus discípulos haveriam de jejuar
quando lhes tirassem “o esposo”.
– E quando se cumpriu esta Minha Palavra?
– A partir do Pentecostes.
– E que espécie de jejum foi esse?
– Nunca, que me recorde, se fala em jejum de
alimento. Fala-se é em tremendos jejuns de outras espécies: prisões, acoites,
abandono da família, de tudo, viagens sem parança, insultos, perseguições
várias e por fim a morte violenta.
– E de alimento, nunca jejuaram?
– Quantas vezes! – deduzo eu.
– Deduzes? Porquê?
– Nem tempo tinham para comer, muitas vezes,
certamente. Aliás o comer deveria ser coisa secundaríssima, para eles. O que
não tinham, com toda a certeza, era um jejum institucionalizado, ritualizado,
como o dos fariseus. Olha, Jesus: creio que o jejum de alimento foi coisa que
nunca os preocupou – eles deveriam ter na memória o exemplo que lhes havias
dado e tinham mais em que pensar! Era Tudo Novo o que viviam!
– Que pensas então, Meu querido companheiro,
daqueles Meus discípulos actuais que jejuam a pão e água?
– Nem por um momento penso que fazem mal! Se
são Teus verdadeiros discípulos e jejuam assim, é porque Tu lho pedes.
– Admites então que Eu possa pedir o jejum
de alimento?
– Pois admito, Mestre. É um dos tipos de
jejum que Tu podes pedir. Já mo pediste a mim, mais do que uma vez. Tens é que
ser Tu a pedi-lo!
– Porquê, Meu querido amigo?
– Porque só Tu sabes reconstruir-nos como
filhos de Teu Pai. E porque cada um de nós é diferente do outro.
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