Com o decorrer do tempo a nossa ciência foi subindo a montanha do poder
deste mundo, até se sentar no trono, lá no alto. Agora atingiu já o estatuto de
deusa, com os seus dogmas e tudo quanto convém a um deus. Assim se tornou ela a
grande, a única fonte do nosso conhecimento. Trata-se, obviamente, de um ídolo,
fabricado pelas nossas mãos, a quem, rendidos, prestamos culto.
8/6/96
– 10:11
– Mestre, porque me não deixas dormir
sossegado a noite inteira?
– Não Me deste a tua noite?
– Dei. E renovo o meu desejo: quero que tudo
em mim seja Teu.
– Então posso fazer da noite que Me deste o
que Eu quiser, não?
– Sim, Mestre, certamente. Mas porque me não
utilizas a noite toda para descansar e me não dás o dia todo para trabalhar?
– E como verias a Minha Luz, se sempre
trabalhasses só de dia?
– A Tua Luz é de noite que se vê?
– Também a Minha Luz não suporta ter rivais.
– A luz do dia é rival da Tua Luz?
– A luz do dia foi-Me roubada por Satanás e
povoada com as suas trevas. A luz do dia é toda dele e prepara-se já para
invadir com ela a própria noite. É no que resta da Minha noite que Eu faço
brilhar a Minha Luz sobre aqueles que Me procuram.
– Mas a luz do dia, Senhor, não precisamos
dela para ver as Maravilhas da Tua Criação?
– Não a tendes, a luz do dia, a jorros?
Porque não vedes as Maravilhas de Deus?
– Ah! O Demónio povoou todo o alcance da luz
do dia com a sua construção!?
– Sim.
– Por isso, quando à luz do dia olhamos as
coisas, o que vemos é tudo a Cidade do Demónio?
– Não é?
– Restam as estrelas, Mestre.
– Não anda já Satanás espalhando pelas
estrelas as suas trevas?
– Os telescópios de longo alcance?
– Sim. Os telescópios da vossa desmedida
soberba.
– Não é bom que o homem saiba o que se passa
longe da terra?
– Bom é só o Dom de Deus.
– Tudo o que é conquista do homem é mau?
– À medida que o homem avança na sua
conquista, vai espalhando as trevas. Vedes alguma coisa melhorar no território
que o homem conquistou?
– Parece que não, de facto. Mas como
saberíamos da maravilha dos mundos e das suas espantosas rotas e da sua
esmagadora imensidão, sem a nossa ciência?
– Sem a vossa ciência possuiríeis a Minha
visão dos mundos e das suas maravilhas, sem terdes que destruir uma única
ervinha do campo.
– Deixa-me perguntar-Te, Mestre: porque não
deste a Tua visão aos homens antigos, àqueles que não possuíam ainda os
instrumentos da nossa ciência?
– Os homens sempre possuíram os instrumentos
da vossa ciência e por isso não viram como vós não vedes.
– Mas nós vemos hoje mais e isso é bom, não
é?
– Aproveitai o que sabeis pela ciência má
para abrirdes o coração à visão de Deus. Pedi ao Pai que Se sirva do vosso mal
para vos restaurar a visão do coração. Em verdade vos digo: se o não fizerdes,
a vossa ciência será o implacável carrasco das vossas vidas. Então, perante a
ruína e a desolação, perguntareis: Que fizemos? Onde está a luz da nossa
ciência, que só trevas fabricou? De que nos aproveitou sabermos o que soubemos,
se só semeámos desertos à nossa passagem?
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