Quando desconfiamos e muitas vezes ao longo da História perseguimos
pessoas que afirmavam ouvir “vozes”, o que na verdade está implícito nesta
postura é que Deus não fala, ou que é impossível ouvir Deus. Mas o que toda a
Bíblia nos diz é justamente o contrário: Deus falou muitas vezes e de variadas
maneiras, até que a própria Voz de Deus Se fez homem; a partir daí só não O
ouve quem tiver o coração atafulhado de barulho, coisa tão vulgar no nosso
mundo, que de facto só muito, muito pouquinhos têm algum espaço para ouvir
Deus.
30/5/96 – 3:55
Há um silêncio vazio, mas este é um silêncio
cheio. É o Silêncio de Deus. É a própria Omnipotência, na sua Variedade e
Beleza, que paira sobre nós. O Silêncio de Deus é sempre o silêncio dos grandes
momentos: envolve e trespassa todo o nosso ser. O coração fica tenso de
expectativa, num alerta total: Deus está-Se já revelando como Aquele-que-é,
como Harmonia, ou como simples Doçura no coração. E se mais nenhuma revelação
vier, esta basta para alargar todo o nosso ser e abri-lo à Infinitude de Deus e
à Imensidão do Espaço onde moram as estrelas e todos os espíritos e fluidos
invisíveis que preenchem todas as distâncias, porque o vácuo, se existe, é o
contrário de Deus e toda a distância está rigorosamente medida pelo olhar do
Pai e preenchida pelo Oceano Azul, a que chamamos Espírito Santo.
– E Tu, Jesus, Tu Quem és, neste Silêncio de
Deus?
– Quem Me sentes, Meu querido navegador do
Espaço?
– A Expressão do Silêncio de Deus.
– Quando, por exemplo?
– Quando no firmamento uma explosão acontece
e uma nova galáxia se forma. És Tu a Voz de Deus que diz e tudo se faz!
– E quando mais sou Eu a Expressão do
Silêncio de Deus?
– Quando pegas nesta caneta e com ela
transformas tinta em remédio que cura corações aqui e na parte oposta do globo
terrestre.
– E mais quando, Meu amigo querido?
– Quando choro: és Tu as minhas lágrimas.
– E que queres que Eu seja, neste momento?
– Um incêndio, dentro de mim.
– Um incêndio destrói…
– O
Teu, não: Tu és o Senhor da Vida; Tu transformas em Vida tudo aquilo em que
tocas.
– Que tens ainda em ti que não seja Vida?
– És Tu que o sabes, Mestre. Eu apenas sinto
que não sou todo Vida.
– E queres ser todo Vida?
– Todo. Mesmo este corpo em que pelo pecado
semeio a morte, Tu o podes fazer grão vivo que outra vez semeado dê uma árvore
viva com frutos vivos com sementes vivas. Tu podes fazer de mim todo pura Vida;
basta que digas uma Palavra.
– Acreditas nas Minhas Palavras, Salomão?
– Em cada uma delas. Cada uma das Tuas
Palavras vem carregada da Omnipotência de Deus.
– Aquela Omnipotência que sentes no Silêncio
de Deus?
– Sim. Essa mesmo. Tu és o Silêncio de Deus
sentado à nossa mesa, comendo do que nós temos para Te dar.
– E que tendes vós para Me dar à mesa?
– Frutos do nosso pecado que, por incrível
milagre, Tu comes com gosto, meu pobrezinho Senhor!
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