Estes diálogos falam muitas vezes em Deserto. É que o Deserto é
exactamente o lugar onde todos estamos. E num deserto aquilo que mais
ansiosamente procuramos é água. Temos todos muita sede, aqui. Todos. Uma sede nunca
saciada. Mesmo aqueles que se dizem saciados.
15/6/96 – 2:37
– Que queres de mim hoje, Mestre?
– Que me ames.
– Dás sempre esta resposta…
– Esta resposta é a Grande Verdade do Meu
Coração. Só quero o vosso amor.
– Tudo aquilo que nos dás é só a Tua
resposta ao nosso amor?
– E mesmo que Me não ameis, a Minha Dádiva é
já enorme.
– Sim. A Criação é já uma permanente Dádiva,
uma Dádiva enorme…
– Eu dei primeiro. Desfiz-Me em Dádiva.
Agora só peço um pouco do vosso reconhecimento.
– Ficas feliz quando alguém reconhece os
Teus Dons, não ficas?
– Tão feliz como com esta pergunta que agora
Me fizeste.
– Se ficas feliz?
– Sim.
– Porquê, meu Amor?
– Porque quem pergunta está já falando
Comigo. E quem pergunta se estou feliz está já caminhando no Meu Coração à
procura de Mim.
– És tão querido, Mestre! Contentas-Te com
tão pouco…
– Não foste bem sincero, agora.
– Sim, eu já sabia que amar-Te é muito, é
tudo o que Tu queres. Mas sinto também que é pouco, Tu sabes, se o compararmos
com o Teu Amor.
– Olha, Salomão: não há amor vosso e Meu.
– Não? É esse um Mistério muito difícil de
penetrar.
– É que o Mistério do Amor é o maior de
todos e foi aquele que Satanás com maior empenho vos fechou.
– Mas assim, Mestre, como podemos amar-Te,
se o próprio amor que Te damos já é Teu?
– E o Amor que o Pai Me tem não é já Meu? E
o Amor com que o Meu Espírito Me ama não é já Meu?
– Então onde está a surpresa do Amor?
– Em ser-nos dado o que é nosso.
– Como??
– Se nos fosse dado o que é alheio, onde
estaria o respeito pelo nosso ser?
– Diz doutra maneira, Mestre, que não
entendo.
– Se nos fosse dado o que nos é alheio, isso
seria uma excrescência em nós.
– Então todo o amor que nos é dado preenche
uma sede nossa!?
– Sim. Só é amor o que mata a nossa sede.
– Tu também tens sede?
– Enorme.
– Tão grande como o Teu Ser?
– Sim.
– Uma sede infinita?
– Sim.
– É que me parecia que, tendo Tu sede, não
poderias ser Deus.
– Porquê, Meu pequenino?
– Porque
via a sede como uma deficiência.
– E agora já não vês?
– Não: a sede somos nós crescendo.
– Eu também cresço?
– Acho que vou dizer mais uma heresia:
cresces sim, meu Senhor.
– Onde está a heresia?
– Se Tu cresces, não podes ser Deus: no
nosso entendimento e na nossa catequese crescer é uma deficiência; cresce-se
porque ainda se não é em plenitude. E Tu és a Plenitude.
– E agora, Salomão? Como desfazemos a
heresia?
– E se não a desfizéssemos? Se a tornássemos
ainda maior? Se disséssemos que a Essência de Deus é crescer?
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