Várias vezes aqui é afirmado que a Fé só se mostra e opera quando todas
as nossas capacidades falham e os objectivos começam a ser declarados
impossíveis. Por isso é que a Fé é tão querida a Deus e por isso Ele a sujeita
a grandes provas.
9/6/96 – 5:29
Depois de uma intervenção muito concreta e
sensível no início deste meu encontro com o Mestre, parece terem-se
progressivamente reduzido os Sinais da Sua Presença em mim: é mais frágil a Sua
Voz, são menos vivos os Seus impulsos interiores e até o suspiro, o mais
recente e o mais sensível dos Sinais, deixou de aparecer. Restam algumas
“coincidências” e os algarismos, sempre presentes, sempre à mão, mas mudos. Por
isso me chego a interrogar se isto não acontecerá assim porque eu me fui
afastando da minha dedicação e fidelidade iniciais. Penso contudo também que se
pode tratar apenas do naturalíssimo processo de descoberta do amor: à exaltação
inicial da paixão, segue-se o tempo do amadurecimento, em que o amor lentamente
se interioriza e robustece. De facto, eu não sei o que mais possa fazer: eu
vivo agarrado à Palavra do meu Mestre e são cada vez menos os passos que dou
sem O consultar: dia e noite Lhe sondo os Desejos e a Vontade, para me não
afastar dos Seus caminhos e para saber e executar com a máxima precisão e com
inteira prontidão o Seu Plano a meu respeito. Deste mundo já nada mesmo me
seduz, que eu saiba, a não ser curar-lhe as chagas, arrancá-lo à podridão em
que se está decompondo. Não, não presumo fazer isto por mim mesmo; tenho, pelo
contrário, a consciência cada vez mais viva da minha total incapacidade.
Por isso caminho de olhos levantados sempre
ao Céu perguntando: Quando vens, meu Senhor? E a resposta do meu Guia é sempre
a mesma: Em breve, depressa, muito depressa já. Por isso o Demónio me tenta
secar todas as fontes, para que se me torne insuportável o Deserto e eu
desfaleça, abandonando o Caminho difícil, às portas da Terra da Promissão. Por
isso estou cada vez mais reduzido a esta Fé seca e teimosa. Mas, assim mesmo
sozinha, desimpedida de todo o arbusto e ramagem à volta, sinto-a afundar-se
fortemente na terra, ganhar raízes robustas: a Fé cresce à medida que vão
falhando os Sinais sensíveis da Realidade em que se crê, segundo a palavra do
Senhor: verdadeiramente bem-aventurados são aqueles que, sem nada terem visto,
acreditaram. Está sendo, de facto, submetida a esta última prova a minha Fé:
nada ver, nada ouvir, nada sentir é, afinal, o pão quotidiano da Cidade onde eu
devo incarnar.
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