A Palavra de Deus, uma vez descida à terra,
permanece viva sempre. Nunca caduca. A célebre Torre de Babel é, como sabemos,
uma narrativa simbólica e por isso mesmo continua fazendo pleno sentido em
todos os tempos. Hoje a Torre não arranha só os céus, mas fura já as nuvens,
desafiando descaradamente a Glória de Deus.
5/6/96
– 15:25:45
– Insististe para que eu escrevesse. Que
queres Tu dizer-nos, Mestre?
– Que vos amo a todos.
– Mas isso eu já sei, isso aceitamo-lo nós
todos facilmente. Toda a gente sabe que Tu és Amor.
– E não anda toda a gente à procura do Amor?
– Anda.
– Então porque Me não encontram?
– Andas sozinho, Mestre?
– Ando. Tão sozinho!… Se soubesses…
– Diz Tu então onde está o problema. Porque
não nos encontramos Contigo, se tudo quanto fazemos neste mundo é por sede de
amor?
– Porque caminhais na escuridão e fazeis
muito barulho. Por isso não podeis ver-Me, nem ouvir a Minha Voz.
– E como havemos de fazer agora para
afastarmos a escuridão e acabarmos com o barulho? Se alguém ao menos dissesse
Pouco barulho!, alguém com autoridade… Podia ser que pelo menos uns instantes
Te ouvíssemos.
– E não há entre vós uma autoridade assim?
– Não, Mestre. As autoridades que temos
berra cada uma para seu lado no meio do barulho. Só uma coisa as une: o desejo
de falar cada uma mais alto que a outra, a ver quem atrai as atenções de mais
gente. Por isso o barulho sobe cada vez mais de tom.
– Não disseste tu que inventaram já a
tolerância como remédio para esse mal do barulho?
– A tolerância são só uma espécie de
protectores anti-ruído para aplicar nos ouvidos. Foi pior: agora é que nem uns
aos outros se ouvem, muito menos a Ti!
– Pode ser que, de ouvidos tapados, ouçam o
coração… É lá que Eu Me encontro…
– Oh Mestre! É que os ouvidos que taparam
foram justamente os ouvidos do coração! A Torre de Babel deveria ser
exactamente assim! Esta barulheira somos nós a construir a torre da nossa
soberba, num espectáculo horripilante, cada um roubando materiais a outro,
esmagando cada um o seu semelhante, vigarizando cada um o seu próximo para
ficar por cima, todos soltando imprecações e insultos, num activismo frenético,
a que nenhum equilíbrio pode resistir, não há um lugar tranquilo na Torre,
porque todo o mundo está reduzido a esta Torre em construção, a ver se chegam
ao Céu, Te tiram de lá e Te dispensam do governo do mundo. A última Pessoa que eles
estão interessados em ouvir és Tu!
– E agora, Salomão, o que poderemos fazer?
– Não sei. Na antiga Torre de Babel Deus
confundiu aos homens as línguas… Não sei. É imperioso que os homens abandonem a
construção da Torre. O Pai vai arranjar um processo, desta vez, não vai?
– Sim, Meu querido amigo. O Pai já tomou a
Decisão. O processo já está em marcha!
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