O
primeiro Sinal de uma conversão é uma ligação directa com Deus. O Coração apaixona-se
por Ele e o diálogo estabelece-se: queremos imperativamente dizer-Lhe coisas e
procuramos sem desistir ouvi-Lo responder. E Ele responde, de facto. As vias que
ele escolhe para manter este diálogo directo é que são únicas para cada um…
16/6/95 – 1:05
Deus é absoluta e permanente Novidade. Só na
Cidade há rotina, só na Cidade tudo é igual e nada há de novo debaixo do sol.
Pode é esta nova actividade não fazer, no imediato e a prazo breve, qualquer
obra que se veja. Mas onde está escrito que só a obra que se vê é obra? Mas
está escrito no nosso coração que toda a obra visível é resultado de uma
intensa actividade na alma. Só faz fora quem vive por dentro; quem não vive,
limita-se a reproduzir obra feita.
Porque escrevo eu isto agora? Não sei. Mas
foi certamente porque Jesus quis.
– Vem confirmar-me, Mestre, tudo quanto
ficou escrito, para que o mundo creia que Tu és a Vida e que só em Ti vivemos
de verdade.
– Actos nove, treze-dezasseis.
– Até o tremor da dúvida e da expectativa é
vida. Tu sabes, Jesus, como me vacila ainda o coração ao reproduzir esta minha
tão rudimentar audição. Quase me dás a entender que o ouvido é a última coisa
que me vais curar!
– Se o resto ficar tudo curado…
– Segue, Jesus, o Teu Plano e o Teu Método,
comigo. Mas eu sei que Tu nos ouves como nós ouvimos um filho pequenino,
atentos ao seu menor desejo. E sabes bem como alteramos tantas vezes planos e
métodos, vencidos pelo encanto de um pedido seu. E Tu, pelos vistos, parece que
ainda Te não comoveste com o meu tão insistente pedido para que me abras o
ouvido. É assim tão importante que ele continue fechado?
– É, Salomão, é importante que o teu ouvido
continue fechado, para que se abra o teu coração.
– Querido, Mestre! Tu é que sabes. Faz a Tua
Vontade, mas não Te admires se Te voltar a pedir a mesma coisa milhentas vezes:
estou tão cansado deste Deserto… é tão grande a minha ânsia de sair desta
escuridão…
– O tempo está próximo, Meu filho.
Ouvir-me-ás distintamente ainda este ano!
Quis evitar escrever esta fala de Jesus, mas
não consegui. As palavras de Jesus, desde que adquirem no meu espírito uma
qualquer formulação, tornam-se uma fatalidade: eu tenho inexoravelmente que as
exprimir. Não sei… É como se todas as outras saídas se me bloqueassem, é como
se me sentisse pecando gravemente se impedisse o registo do que me surge no
coração como fala de Jesus. É este um Mistério grande, porque me encanta e me
faz sofrer. É o Mistério da Conversão, que implica comunicar. Alma e Deus têm que entrar em diálogo. Como, de outra
sorte, poderia haver conversão? O que eu faço é só verbalizar as intervenções
multiformes de Deus no Seu intercâmbio com a minha alma, neste – no meu caso
lento – processo de conversão. Por isso acredito nesta Voz estranha de Deus que
me aparece não sei onde e tantos encantos me tem trazido e tantas dores me tem
causado. Talvez por isso eu trema ainda quando, como neste caso, passo a fixar
a citação que recebi:
Act. 9, 13-16
Cá está um caso paradigmático: trata-se da
conversão de Saulo de Tarso, no momento em que Ananias põe objecções ao Senhor,
porque acha estranho que “esse homem”, com “todo o mal que tem feito”, possa
ter-se assim convertido: “Vai, pois esse homem é instrumento da Minha escolha
para levar o Meu Nome perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel. Eu
mesmo lhe hei-de mostrar quanto ele tem de sofrer pelo Meu Nome”. Eu acredito
no meu Senhor. Por isso creio que foi exactamente este texto que Ele quis que
eu lesse neste momento. Porquê? Para quê? Ele vai certamente mostrar-mo mais
tarde, porque Lhe estou pedindo para me deitar.
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