Se errar é humano, também Deus, ao fazer-Se
homem, errou? A mensagem que se segue foi uma das maiores surpresas neste meu
Deserto, onde só Jesus tem sido o meu Mestre.
12/3/95 – 4:42
Neste dia 12, é
também o versículo 12 do cap. 3 dos “Números” que o dedo aponta. Diz assim: “Na
verdade, tomei os levitas do meio dos filhos de Israel, em vez de todos os
primogénitos, primícias da maternidade dos filhos de Israel. Os levitas
pertencem-Me”. E todo o capítulo trata do recenseamento da tribo de Levi, a
escolhida para o sacerdócio.
E duas coisas se me
realçaram nesta leitura. Em primeiro lugar, esta contagem, este fastidioso
desfilar de nomes, nomes bem concretos que, pelo menos para nós hoje, já nada
dizem. Mas exactamente por isso se levanta dentro de mim a reflexão sobre a
Inspiração da Bíblia. Tudo isto, toda esta minuciosa contagem, bem como as
minúcias todas em que se desdobra a Lei ao longo de todo o Pentateuco, tudo
isto, que chega até não raras vezes a ferir a nossa sensibilidade de hoje por
revelar uma profunda ignorância da realidade humana tornando-se por isso mesmo
às vezes desumano, tudo isto é atribuído a Deus com uma espantosa certeza em
termos literais! Tudo é precedido com expressões do género: “O Senhor disse a
Moisés”, “o Senhor falou a Moisés nestes termos”.
– Querido Deus! Tu
metes-Te assim nestas coisas? Tu fizeste-Te assim ignorante? Tu erraste assim
tanto por causa de nós?
– Sim, Salomão. Por
vossa causa Eu Me fiz ignorante, Eu Me fiz rude, Eu Me fiz injusto, Eu Me fiz
desumano, por vossa causa Eu errei!
– Querido Deus! E
não tiveste medo de que os séculos futuros Te não entendessem quando viessem a
verificar com a sua ciência e com a sua cultura que foste um Deus ignorante,
rude, injusto, desumano? Não tiveste medo de que por isso negassem a Tua
Presença na História, de que por isso viessem a negar pura e simplesmente a Tua
existência? Não? Não tiveste medo, querido Deus?
– Nos séculos
futuros, em cada século, em cada dia futuro Eu serei de novo aquilo que for
preciso para que os homens Me sintam junto de si.
– Errando com eles?
– Acompanhando-os
sempre no estado em que os encontrar.
– Errando com eles,
por amor deles?
– Errando convosco.
Sendo ignorante, rude, injusto, desumano convosco.
– Quem vai entender
isto, Jesus!?
– Quem for Meu. Quem
for Meu amigo.
– Olha, Jesus: então
Tu podes errar nestes escritos? Erras comigo, por causa de mim?
– Sim. E por causa
dos homens teus irmãos do teu tempo. Por causa dos homens Eu faço-Me tudo.
– Querido Deus! Mas
e a Tua Glória? E a Tua Perfeição? E a Tua Santidade?
– A Minha Santidade está no Amor.
– Mas… um Amor assim
… assim manchado?
– Só as manchas do
coração são manchas. No Coração Eu Sou Puro!
– Querido Deus! Como
deves sofrer! Olha: explica melhor aquilo de errar, do ser injusto, do ser
desumano… Somos tão rudes… Temos tão manchado o coração…
– O erro, a
injustiça, a desumanidade são o vosso pão de cada dia. Eu vim comer à vossa
mesa.
– Se Te deixarmos,
não é, Jesus?
– Sim. Se Me
deixardes, eu sento-Me à vossa mesa e como do que nela houver.
– Mesmo que Te meta
nojo, não é, Jesus? Mesmo fazendo das tripas coração, não é, Jesus?
– Não. Já não Me
meteis nojo. Já estou habituado. Aliás, nunca Me metestes nojo. Só uma grande
pena. E uma Dor que não podes descrever.
– Querido Deus! Se
eu pudesse… Se eu pudesse, fazia… fazia não sei o quê. Só queria atirar-me ao
Teu pescoço, abraçar-Te com muita força e dizer-Te que não me importo de que
passes para o meu coração a Tua Dor toda!
– Não sabes o que
pedes, Salomão! Podes beber o cálice que Eu bebi na Minha Paixão, que eu ando
bebendo há séculos, há milénios?
– Não posso, não,
certamente. Na altura vou gemer, vou vacilar certamente. Mas Tu vais estar
comigo, Jesus! Tu não vais permitir que eu me vá abaixo quando chegar a hora,
pois não?
– Não. Eu vou estar
contigo sempre.
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