Sabemos que a Serpente, através de Eva, nos convenceu de que tínhamos os
olhos fechados e, se os abríssemos, seríamos como Deus ou, porventura até,
maiores que Deus. Foi assim que nos lançámos na execução de um Projecto só nosso,
sem Deus, supostamente de olhos bem abertos. Ora, entre nós, os de olhos mais
abertos são, logicamente, os que mais estudam, os mais sábios, os homens de ciência.
Veja-se então, a este propósito, a mensagem que se segue.
26/3/95
– 8:57
É esta a hora que
marca o meu relógio. Mas ela está errada. São 9:57. É que esta noite a hora
mudou para a chamada “hora de verão”. Daí que também as horas que registei
durante a vigília desta noite estejam todas erradas.
Mas é aqui que se situa a questão que a este
propósito se me levantou no espírito e que muitas vezes se coloca. Colocam-na
sobretudo os sábios deste mundo, porque julgam que o certo e o errado dependem
da lógica que ao longo dos anos tão laboriosamente montaram, trabalharam, aperfeiçoaram
e com que agora pretendem comandar o mundo. Para eles a objectividade é uma
espécie de deus a quem servem como rafeiros. Neste caso, por exemplo, toda a
minha interpretação dos algarismos está errada. E isto mesmo admitindo a
possibilidade de qualquer interpretação
de algarismos, o que eles, obviamente, negam: algarismos são só algarismos;
servem para enumerar, para fazer contas, mais nada.
Ora toda a minha interpretação se baseou em
algarismos falsos, em “premissas falsas”, como eles dizem. Toda a minha
interpretação é, pois, pura construção subjectiva, sem nenhuma ligação com a
realidade. É claro que para eles, para os sábios, a realidade é só aquilo que
eles abarcam e controlam. Isto é, é a partir do seu mundo que avançam e só
admitem como real e legítimo aquilo que está nele assumido como “aquisição da
ciência”. Quando aparece uma coisa nova examinam-na por cima, por baixo, por
todos os lados, por fora e por dentro, com olhos muito grandes. Se conseguirem
encaixá-la logicamente, coerentemente – dois termos sagrados para eles! – na
construção racional que governam e dominam, muito bem, encaixam-na e, muito
contentes e admirados do seu próprio poder, declaram: a ciência deu mais um
passo. Às vezes dizem um grande passo. De tempos a tempos a ciência dá um
“gigantesco” passo.
Mas eu continuo dizendo a estes sábios que a
interpretação dos algarismos é que é
a verdadeira realidade e que por isso
o estar a hora certa ou errada pouco importa, porque isso faz parte das coisas
dispensáveis, acidentais, da falsa realidade! Ora isto é que eles não aceitam
de forma nenhuma. Porque isto seria abdicar pura e simplesmente do seu poder.
Seria entregarem-se sem condições a um outro Poder e aceitar ficar d’Ele
totalmente dependentes. Ora isto é para eles praticamente impossível, um
verdadeiro absurdo. Era ficarem de repente desapossados, pobres, indigentes,
sem nada. E isto eles não são capazes de fazer. Nem à força, quanto mais
voluntariamente! E é por isso que “é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma
agulha do que um rico no reino dos céus”. Os verdadeiros ricos são estes, os
sábios.
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