Desde o início desta escrita que Jesus me
revela com muita clareza que não vem agora promover nenhuma renovação da Sua
Igreja, que não quer nela nenhum remendo; é preciso que ela se deixe morrer e
renasça. Ele quer Tudo Novo! Mas será isso possível?
13/3/95 – 2:47
Converter-se é deixar todos os
esquemas, é ser Abel, cuja vida não tem poiso certo, porque é o rebanho que lhe
condiciona todos os poisos, é do rebanho que vive e dos frutos que colhe ao
andar. O Céu é o seu tecto e é a Natureza que inteiramente o comanda!
– É o rebanho que o comanda – insiste agora
Jesus.
– Sim, Mestre. Suspeito que me estás a
querer dizer algo de especial…
– Quero, sim. Quero dizer-te que o Meu
Rebanho deve condicionar inteiramente a vida de todos os pastores e não o
contrário!
– Por eles, pelos Teus cordeiros, os
pastores deverão ter um coração nómada, sem esquemas?
– Sim. Abel terá que ser de novo o símbolo
dos Meus pastores.
– Todos sabemos, Jesus, qual foi o destino
de Abel.
– E não sabeis todos vós qual foi o Meu
destino? Não vos disse Eu a vós, pastores, que vos envio para o meio dos lobos?
De que estais à espera então? De vos sentardes para que vos sirvam?
– Jesus, gosto tanto de Ti, meu bom, querido
Pastor! Mas como vai ser possível fazer levantar da mesa, fazer sair de tão
cómodas salas de jantar todos estes nossos actuais pastores para pegarem num
cajado e se meterem às montanhas, onde andam todas as ovelhas perdidas? É uma
impotência, Jesus! Se soubesses o que eu sinto! Todo o meu íntimo diz: não é
possível, não é possível, não é possível! A Tua Igreja renovar-se assim como Tu
queres? Não é possível! Assim uma reviravolta dessas? Não é possível! A Tua
Igreja, Jesus, anda pelo menos há dezassete séculos a instalar-se, a amontoar
coisas trazidas do Oriente e do Ocidente, riquezas e especiarias várias e
queres que Ela deite isto tudo fora de repente? Vê quantos palácios e catedrais
estão aí diante dos Teus olhos, bem sólidos, faiscando riqueza e poder! Como
pretendes Tu levantar e varrer toda esta tralha assim de repente, como parece
que estás a insinuar? Ah, Jesus, eles não são capazes! Muitos têm até boa
vontade, mas já viste o que é deitar isto tudo fora? Eu sei, eu sei: Tu podes
tudo. Tu podes fazer tudo isto enquanto o diabo esfrega um olho: quando ele
acabar de o esfregar e o abrir de novo, está feito! Mas Tu tens um contra,
Jesus: tens um respeito pela nossa liberdade que eu acho demasiado. Tu tens
medo de nos abanar, Tu tens medo de nos pregar um estalo, Tu tens um
incompreensível escrúpulo em tocar na nossa liberdade. Mas ouve: não violentas
Tu as árvores com aquelas medonhas tempestades de inverno? Repara: não vês como
elas depois Te agradecem logo a seguir na primavera? Elas são capazes de
resmungar e protestar quando assim as abanas, lá isso são. Mas não vês como
elas depois Te agradecem ao sentirem-se mais firmemente agarradas à terra, ao
sentirem dilatadas todas as suas veias com a seiva que lhes vem da terra, em
turbilhão? Abana-nos, Jesus! Violenta-nos um pouco, porque tu és o Sábio e o
Justo. Tu sabes que não é justo o que Satanás está fazendo connosco. Olha:
escusas até de nos violentar; abre-nos só os olhos, levemente, com o polegar e
o indicador. Afasta só um pouco as nossas pálpebras semi-cerradas, moribundas.
Abre-nos os olhos quando apanhares o Satanás à nossa frente: se o virmos na sua
hediondez, se calhar nem é preciso fazeres mais nada, Jesus!
Pronto,
Mestre. Já são 4:43. Ficava aqui mais tempo Contigo. Mas eu tenho aula daqui a
bocado. Só mais uma coisa: não tragas o chicote, quando vieres. Talvez não seja
necessário…
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