Raramente levamos a sério uma
palavra de Jesus; todos concordam em que Ele disse coisas bonitas e certeiras,
mas ninguém as acha realizáveis em tempo útil. Uma delas é esta: Procurai
primeiro o Reino de Deus e tudo o mais vos será dado por acréscimo. A mensagem
seguinte mostra que Ele é eficaz em tempo útil. Basta que O levemos a sério.
20/4/95 – 14:43
I Tess. 2, 9
Um impulso forte pedia-me que abrisse a
Bíblia no Novo Testamento. Assim o fiz. O dedo apontou com muita precisão o v.
9, que diz assim:
“Lembrai-vos, irmãos, dos nossos trabalhos
e da nossa fadiga. Trabalhámos de noite e de dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, enquanto vos anunciávamos o
Evangelho de Deus”.
Há dias que, a espaços, me vem ao coração
este impulso, que inicialmente me alarmava: eu estou a ficar um parasita; de
facto eu ocupo a maior parte do meu dia lendo, meditando, escrevendo coisas que
nada têm a ver com a minha actividade profissional. Tão absorvente tem sido
esta ocupação que, como ontem deixei testemunhado, de quando em quando sou
possuído de um cansaço que me assusta. E o pior é que não faço nada, a não ser
escrever, que é uma actividade “parada” para que nunca tive verdadeira vocação:
só um dever ou uma motivação muito forte me levam a escrever. Sempre todos me
conheceram como aluado, despassarado, idealista, é certo, mas sempre agindo, fazendo coisas, provocando
acontecimentos que mexem com o meio em que me movo. Este activismo adquiriu
mesmo progressivamente uma feição cada vez mais concreta, passando da
actividade mental para a actividade manual: eu faço trabalho de cozinheiro,
agricultor, trolha, pintor, carpinteiro, electricista, sonoplasta, cenógrafo,
coreógrafo , não falando já da autêntica mania da encenação. E o mais estranho,
mesmo para mim próprio, é que eu adquiri uma capacidade de trabalho e uma
eficiência que os meus pontuais colaboradores consideram invulgares. Eu andava
pasmado comigo próprio.
Mas desde o espectacular encontro com o
Profeta Vassula, em Agosto, as coisas mudaram de forma rápida e progressiva:
adiei a pintura da casa que andava fazendo no verão, passei a dedicar menos
tempo às aulas, desacelerei as actividades do GEL (Grupo de Expressão Livre). Faço,
contudo, uma verificação curiosa: a nível de resultados concretos nenhuma das
actividades parece ter sido prejudicada; pelo contrário, continuo atento a
tudo, nada está dado ao abandono, tudo se realiza no tempo oportuno e em termos
de cômputo final admito que se venha a verificar até, ao fim deste ano lectivo,
uma melhoria quer em qualidade, quer em quantidade.
Então passa pelo meu coração um grande
assombro: tudo isto o Senhor o vem fazendo em mim, com Mão de Mestre, sem que
eu disso me tivesse apercebido! E agora mais isto: todo o tempo que passei a
ocupar assim com o Mestre neste ler, neste meditar, neste rezar, neste
escrever, estou-o sentindo agora, não como passividade, nem sequer como
parasitismo, mas como verdadeiro trabalho.
Um trabalho intensivo e exigente,
tanto que me cansa, que parece por vezes esgotar-me! Posso, pois, dizer como
Paulo: trabalho de noite e de dia! Não sei se alguma vez trabalhei assim tanto!
Mais: começo a tomar consciência de que este é que é, em verdade, o trabalho no
seu puro sentido, porque só ele é necessário, é o único trabalho que
verdadeiramente constrói; tudo o
resto lhe deverá estar subordinado, tudo o resto virá por acréscimo! Trata-se
de um trabalho com duas vertentes: desconstrução da Cidade e construção do
Reino de Deus. Este é mesmo o meu trabalho de evangelização neste momento: ler,
meditar, rezar, escrever!
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