No jardim da casa
Escrevendo ...
Breves dados biográficos

O meu nome é Salomão. De apelido Duarte Morgado.

Nasci no ano de 1940 em Portugal, na aldeia do Rossão, da freguesia de Gosende, do concelho de Castro Daire, do distrito de Viseu.

Doze anos depois, 1952, entrei no seminário menor franciscano: eu queria ser padre franciscano.

Doze anos depois, 1964, fiz votos perpétuos na Ordem dos Frades Menores de S. Francisco de Assis seguidos, ao fim desse ano lectivo, da ordenação sacerdotal: eu era o padre que tanto queria ser.

Doze anos depois, 1976, pedi ao Papa dispensa dos votos que era suposto serem perpétuos e do exercício do sacerdócio, que era suposto ser para sempre, casei e tornei-me pai de quatro filhas.

Doze anos depois, 1988, fiz uma tentativa extrema para salvar o meu casamento, saindo de casa. Mas o divórcio de facto consumou-se.

Doze anos depois, 2000, surgiu na minha vida o mais inesperado acontecimento, que começou a ser preparado, sem que eu disso tivesse consciência, no meio deste ciclo, 1994. Foi aqui que comecei a escrever a longa Mensagem que senti Deus pedir-me que escrevesse em Seu Nome e a que Ele próprio deu o título de Diálogos do Homem com o seu Deus no Tempo Novo. Os textos agora aqui publicados são excertos desta vasta Profecia preparando a sua divulgação integral, no tempo oportuno, que desconheço.


Moro há 30 anos em Leça do Balio, concelho de Matosinhos, distrito do Porto.


Não são estas palavras mais do que um testemunho daquilo que vi, ouvi, senti, toquei. Não estão por isso sujeitas a nenhuma polémica. Todos os comentários que se façam, ou pedidos que se queiram ver satisfeitos, sempre serão respondidos apenas com novos textos: de mim mesmo não tenho respostas.




Observações


Muitos e verdadeiros Profetas têm surgido nos nossos dias. Um deles é Vassula Ryden, cuja profecia, "A Verdadeira Vida em Deus", teve um decisivo relevo no meu chamamento a esta missão e revela uma estreita complementaridade com esta Mensagem que escrevo.

Os algarismos desempenham nesta Profecia um papel muito importante como Sinais. Foram adquirindo progressivamente significados diversos. Assim:

   0 – O Sopro da Vida. O Espírito Santo.

   1 – A Luz. A Unidade. O Pai.

   2 – A Testemunha.

   3 – O Deus Trino. A Diversidade.

   4 – O Mensageiro. O Profeta. O Anúncio. A Evangelização.

   5 – Jesus.

   6 – O Demónio.

   7 – O Sétimo Dia. A Paz. A Harmonia.

   8 – O Oitavo Dia – O Dia da Queda e da Redenção. O Homem caído e redimido. Maria de Nazaré.

   9 – A Plenitude de Deus. A Transcendência. A Perfeição. O Regresso de Jesus. O Nono Dia.

Alguns agrupamentos de algarismos adquiriram também um significado próprio. Os mais claramente definidos são estes:

   10 – Os Dez Mandamentos. A Lei. A Escritura.

   12 – O Povo de Deus. A Igreja.

   22 – As Duas Testemunhas de que fala o Apocalipse.

   25 – A Alma humana.

   27 – Salomão, o meu nome que, derivando do termo hebraico Shalom, significa o Pacífico, a Testemunha da Paz.

sábado, 29 de junho de 2013

1038 — De coração seco


   O Deserto é por natureza seco, sem vida. O coração convertido vive nele, no entanto, as maiores descobertas. Mesmo de coração completamente seco também…

27/6/95 5:48

   Parece-me ser este um momento crucial: Deus afastou de mim toda a emoção. De outra maneira, mais exacta: Deus permitiu que o Demónio me secasse o coração. Nem a perspectiva de ir hoje ver a Vassula me entusiasma. É claro que eu desmarcaria qualquer compromisso para estar lá; mas não me alvoroça o coração. É como se eu apenas soubesse que o alvoroço está para lá, para lá não sei de onde, se calhar ainda há muito deserto para lá daquele monte ali, se calhar depois daquele monte é já a Terra Prometida. Mas se alguém me viesse travar o passo, eu lutaria até à morte pela continuação desta louca viagem. Parece-me terem sido há muito tempo já os Dons e as alegrias que o Senhor me deu e o meu Guia parece ter-Se escondido ou calado de todo. Já nada me interessa senão andar. É como se nada mais quisesse ouvir: apenas chegar. Estancaram-se-me todas as fontes da vida e só uma seca, mas teimosa Esperança no fundo da minha alma, como um automatismo desligado do resto do ser, funciona e me faz caminhar. É como se até a sede tivesse perdido. Sou um peso que se arrasta esgotado de vida, amodorrado, talvez morto. Nem o coração vive: apenas trabalha o que é preciso para fazer andar as pernas.

   Num situação destas, para que abro a Bíblia? Tem que ser – digo eu. Quanto mais não seja para me alimentar este automatismo  e assim eu continue caminhando.

   Jesus, estás aí? Não sei que fase é esta, não faço a mínima ideia de onde estamos, não entendo nada dos Teus Caminhos nem dos Teus Métodos. Apenas creio em Ti: se assim é, é porque assim tem que ser; toca a andar! Dá-me só o meu pão de cada dia, para eu não me ir abaixo. Que vai ser hoje? Romanos dez, cinco-sete? Muito bem:
                         
                                     Rom. 10, 5-7
 
   Até esta comida me parece seca. Contrapõe a “justiça que vem da Lei” à “justiça que vem da Fé”. Sei que isto é um verdadeiro manjar, do melhor que há, pelo menos em substâncias alimentícias. Mas eu como de dente enjoado. Vou-me deitar. Feita a digestão, pode ser que o ânimo seja outro.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

1037 — Presença intermitente de Deus


   Não é possível viver seja o que for fora deste mundo que, se deixarmos, monopoliza toda a nossa atenção. Como poderemos então viver aqui quando uma paixão por Jesus nasceu no nosso coração e o arrebatou?

26/6/95 6:01

   Vem cá, Jesus. Tu és aqui dentro uma intensa vibração que todo me abala, como as loucas paixões dos namorados: Só há uma diferença: é que Tu és sempre uma paixão serena. Não, não é pasmaceirenta! É louca, mas harmoniosa. Mas porque Te estou a dizer isto a Ti? Não sei; talvez porque sinto ser esta uma boa forma de Te agradecer. Talvez também porque milhões precisam de saber que Tu não és uma Ideia abstracta, mas um Ser vivo, pessoal, encantador, que é impossível não amar loucamente. Ultrapassas muito o encanto de um filho pequenino, naquela fase do puro encanto. Porque Tu és um coração de criança com as dimensões de Deus que nunca percorremos e por isso abarcam Encantos sempre novos. Contudo, deixa-me exprimir-Te uma mágoa, Jesus. Também esta mágoa Tu conheces, até porque muitas vezes a tenho trazido diante dos Teus olhos, mas há milhões que, como eu, precisam de uma resposta Tua que a todos nos console e anime: Porque abranda e parece até que cessa de todo esta paixão quando lidamos com as pessoas, nas costumadas actividades e encontros do dia-a-dia? Responde, Jesus, há milhões que precisam de Te ouvir.

   Puseste travessão. Achas que vou responder?

   Acho. Tu sempre respondes, mesmo que nenhuma palavra saia da Tua boca.

   Sabes muito acerca de Mim!…

   Sei o que Tu me ensinaste.

   Não sabes então responder à pergunta que Me fizeste?

   Se fores Tu a responder, acrescentas outras coisas àquilo que eu já sei.

   O que sabes então?

   Que reconstruir-nos leva tempo.

   Posso fazê-lo num instante.

   Não consta que alguma vez o tenhas feito.

   Não? O Paulo, por exemplo.

   O que Tu fizeste num instante foi só cegá-lo, deitá-lo do cavalo abaixo e identificar-Te. Mas passados uns tempos ainda ele se lamentava de que não fazia o bem que queria e fazia o mal que não queria!

   Sim. A Minha Mãe…

   Ah, a Tua Mãezita!… Pois. A Tua Mãe é pura, foi sempre pura. A Tua Mãe é o nosso modelo de amor por Ti.

   Como imaginas o dia-a-dia da Minha Mãe lá em Nazaré? Sempre de coração aos pulos, mesmo quando cozinhava, arrumava a casa, falava com vizinhos e conhecidos?

   A Tua Mãe guardava tudo o que estava acontecendo Contigo, meditando-o no Seu coração.

   Viveis na terra e na Cidade, Salomão. A vossa pátria não é aqui.

   Mas é aqui que temos que dar testemunho de Ti.

    Eu vos darei uma alegria nova, que iluminará a vossa rotina. Eu vos darei uma coragem nova, que subverterá a vossa rotina. Eu farei de vós Minhas testemunhas em tudo o que fizerdes, até aos confins da terra. Eu guiarei os vossos passos e as vossas mãos e as vossas palavras e o vosso olhar. Todos  reconhecerão, onde quer que estiverdes, que sois Meus discípulos.

   Bem hajas, Jesus. Tu sempre és um espectáculo a ensinar.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

1036 — A casca da Palavra de Deus


   Sabemos de cor várias palavras de Jesus. Há quem conheça a Bíblia da primeira à última página, e há quem passe grande parte da vida a estudá-la a fundo. A Bíblia é o mais célebre livro do mundo. Se ela contém, como se diz, a Palavra de Deus, porque não actuou ainda nos corações das pessoas a Sua Palavra omnipotente?

25/6/95 9:30

   Jesus, vem falar comigo.

   Que Me queres?

   Que me partas a casca da Tua Palavra, para que eu possa saboreá-la.

   A Minha Palavra tem casca?

   E grossa, às vezes. E tosca, e feia.

   Como assim?

   Aquilo que da Tua Palavra se come está sempre escondido debaixo de uma casca, tão dura por vezes, que as pessoas logo à partida a rejeitam.

   Então onde está o defeito: nas pessoas ou na Palavra?

   Onde esteve o defeito se até à Tua morte os Teus próprios discípulos Te não entenderam?

   Queres que te responda? Não será uma resposta fingida, uma vez que tu já a conheces?

   É e não é. Eu tenho uma resposta que, mesmo assim, me foi ensinada por Ti; mas naquilo que eu já sei Tu introduzes sempre o Teu Coração e quantas vezes me surpreendes com uma Luz iluminando-me o que nunca tinha visto!

   Queres então que te responda?

   Se possível com a Tua Voz, timbre e tudo.

   A Minha Voz, timbre e tudo, ouviram-na os Meus apóstolos e não a penetraram.

   A Tua Voz fazia parte da casca?

   Foi preciso deixarem de ouvir a Minha Voz para Me ouvirem o Coração.

   Se não ouvirmos a Tua Voz, timbre e tudo, ouvimos melhor o Teu Coração?

   “É melhor que Eu vá” – disse Eu aos Meus discípulos. A Minha Igreja só surgiu depois de Eu ter desaparecido da vista deles.

   A Tua presença à vista impedia a Igreja de surgir e crescer?

   Impedia ou, pelo menos, dificultava muito: se Me continuassem a ver, não partiriam à Minha procura nos corações. E a Minha Igreja não teria nascido. A Minha Igreja sou Eu nos corações.

   Queres que eu Te procure nos corações?

   Quero que continues procurando o Meu Coração; quando O encontrares, encontrarás os corações dos homens cheios de feridas, sangrando no Meu Coração. Amarás então os teus semelhantes como Eu amo.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

1035 — Vamos, Jesus? Estou pronto.


   Várias vezes disse a Jesus que estou pronto. E outras tantas ele me mostrou que não estava pronto. Depois entendi: só Ele sabe quando estamos prontos, porque só ele conhece em toda a sua amplitude a missão que nos está entregando…

19/6/95 – 5:21

   – Vamos, Jesus? Estou pronto. Toma a minha mão ou caminha à minha frente, que eu vou-Te seguindo. Tu sabes da minha fome e sede da Tua Riqueza. E tanta tem sido ela, que nem tempo tenho tido para a contemplar e dela gozar em paz. E aqui estou de novo esta noite, pronto para a caminhada, enquanto o sol não abrasa as areias. Fala-Me de Ti, dos Teus Desejos, das Tuas Mágoas, dos Teus Sonhos. Mesmo que todos Te abandonem, eu não vou arredar pé da Tua beira. Não, não me digas o mesmo que ao Pedro, não me deixes negar-Te nunca. Fala-me da Tua Igreja, desabafa comigo, deita tudo cá para fora, eu ouço, demora o tempo que quiseres. Não Te peço que me reveles os Teus Planos; só quero que me robusteças o coração para que ele esteja preparado para executar o Teu mais leve Desejo. Deixa que eu ame a Tua Igreja como Tu amas. Sei que é pedir demais, não é possível amar como Tu amas. Então eu digo de outra maneira: dá-me, para com a Tua Igreja, um amor que não caiba cá dentro e arrombe as paredes do meu coração! Não sei como diga, Jesus, mas é assim um amor desmedido que eu queria ter à Tua Igreja. Um amor concreto. Palermice: se não for concreto, não é amor. Quero dizer: envolve-me concretamente nas tarefas que são necessárias para demolir, remover o entulho e depois reconstruir, exactissimamente segundo o Plano que tens no Coração, a Tua Igreja. Que eu não vacile, muito menos me recuse a executar qualquer tarefa que me entregues, por mais difícil ou estranha que seja. Eu só quero que Tu sejas o Chefe! O Chefe único e exclusivo da Tua Igreja. Que ninguém mais levante a cabeça ou a voz. Sobretudo o Papa. Ele de maneira especial! O Papa deverá ser, para todos os seus irmãos, o exemplo acabado de Humildade e de Fé. Nas palavras, nas atitudes, nas obras, todos deverão reconhecê-lo totalmente dependente de Ti. Que não seja ele que viva, mas todos reconheçam que és Tu que vives nele. Dá à Tua Igreja um novo Pedro, assim espontâneo, assim ingénuo, assim humilde, assim frágil e rude aos olhos do mundo para confundir todos os sábios, mas assim inabalável na Fé, para que todos saibam que a Nova Criação se vai fundar no Coração.

   – Em verdade te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja.

   É evidente que eu não queria escrever isto. Resisti, pedi ao Senhor que fizesse a Sua Vontade, mas que… que tivesse cuidado com a minha vaidade. Foi então que, na minha visão feita de sensações, se levantou o Demónio em forma de monstruoso dragão roncando grotescamente, contorcendo-se, elevando o pescoço e os urros, como que a impedir Jesus de pronunciar aquela frase. Mas Jesus insistiu para que escrevesse e pronunciou-a de novo. O dragão afastou-se, rendido, rosnando. Não, não tive medo nenhum: o Demónio pareceu-me ridículo. Tenho medo é de mim. Nestas ocasiões chego a parecer-me ridículo também, um doente infantilizado, que trata estas coisas com a displicência de uma criança manipulando brinquedos.

   – Meu Jesus, quem sou eu!? Quem sou eu, Jesus, mais que o filho de Zé Morgado do Rossão, aqui em Leça do Balio, padre casado e divorciado, muitos cabelos brancos e muitas rugas, ajoelhado escrevendo coisas do Céu sem nada ver, sem nada ouvir? Quem sou eu, Jesus? Apetece-me dizer-Te: olha, já estou por tudo!

   Acredito que Jesus me acaricia, colocando-me sobre a cabeça a Sua Mão terna e segura.

terça-feira, 25 de junho de 2013

1034 — Estou muito feliz por Te ter encontrado


   Sim, é mesmo isso: estou muito feliz. Até hoje, passados já dezoito anos! Encontrarmo-nos com Jesus é mesmo Tudo, na nossa vida. É muito diferente do que ser o Herói que ele já era antes…

17/6/95 – 5:205:54 

   – Jesus, meu admirável Mestre, estou muito feliz por Te ter encontrado. Perder-Te seria para mim uma infelicidade insuportável. Não tenho mesmo mais nada que me preencha os desejos ou a vontade, a não ser alguns devaneios ou prazeres que me incomodam precisamente porque me afastam de Ti. E tenho depois as tarefas que a Cidade me impõe em troca do meu pão quotidiano, como se fosse ela que me dá o meu sustento. Bem hajas, meu querido Senhor, pela Tua Bondade, pela Tua Simpatia, pela Tua Ternura. Só me faz pena não ser ainda um braseiro vivo ardendo de amor por Ti, pelo admirável Paizinho que do Céu nos olha, pelo Espírito que nos corre nas veias e sustém todo o Universo, por mim, a quem entre todas as criaturas primeiro me compete amar, por todos os meus irmãos homens, todos-todos, que me fariam desfalecer de pena se os visse com os Teus olhos e finalmente por todas as outras criaturas, desde o leão da selva até à estrela longínqua, passando pela alta árvore, pela toupeira, pela flor e pela água, nossa irmã, tão pura, tão humilde, tão preciosa, tão casta e tão forte quando se levanta em fúria nos mares ou quando cai em tempestade sobre a terra! Amar tudo como Tu amas! – como deve ser bom! Como deve ser novo no nosso coração amar de verdade até aqueles que nos odeiam! Até a Tua raiva é Amor! Como seria exaltante viver, participar na Tua Raiva como Amor! Nada mais és senão Amor. Quando és Mão acariciando ou Voz curando ou Tempestade purificando ou Imensidão seduzindo… não há nada que Tu tenhas ou faças que não seja Amor! Olha, Jesus, Tu sabes do tempo que eu demorei hesitando, mas sinto que o devo deixar aqui escrito: até o atroz sofrimento em que vivemos mergulhados se deve ao Teu Louco Amor! Deixa-Te estar aqui pertinho de mim, dentro de mim, para que eu possa explicar bem aquilo que digo: quando lá no Princípio aproximaste do barro as Mãos para moldar o Homem e antes de lhe enfiar pelas narinas o Sopro da Vida, o Teu Coração de Deus tremeu como nunca de emoção e disseste as mais loucas Palavras da História do Universo: Sê Livre! E deste nessa altura ao barro que tinhas nas Mãos o poder de amar! A partir desse momento estava criada a possibilidade de sofrermos. Sofremos, porque fomos criados com o poder de amar. O Sofrimento que nos esmaga está testemunhando continuamente a Loucura do Teu Amor! Mas Tu és imenso em tudo: quando Te fugimos e assim virou Dor a nossa vida, imediatamente vieste ter connosco, a esta Dor que livres escolhemos. E não estiveste com meias medidas: alevantaste na Cruz a Loucura da Tua Dor para que não houvesse sítio nenhum em nós que Tu não tivesses percorrido, encharcado com as Palavras da Nova Criação: Eu amo-te; sê livre!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

1033 — À procura do ouvido perfeito


   O primeiro Sinal de uma conversão é uma ligação directa com Deus. O Coração apaixona-se por Ele e o diálogo estabelece-se: queremos imperativamente dizer-Lhe coisas e procuramos sem desistir ouvi-Lo responder. E Ele responde, de facto. As vias que ele escolhe para manter este diálogo directo é que são únicas para cada um…

16/6/95 – 1:05           

   Deus é absoluta e permanente Novidade. Só na Cidade há rotina, só na Cidade tudo é igual e nada há de novo debaixo do sol. Pode é esta nova actividade não fazer, no imediato e a prazo breve, qualquer obra que se veja. Mas onde está escrito que só a obra que se vê é obra? Mas está escrito no nosso coração que toda a obra visível é resultado de uma intensa actividade na alma. Só faz fora quem vive por dentro; quem não vive, limita-se a reproduzir obra feita.

   Porque escrevo eu isto agora? Não sei. Mas foi certamente porque Jesus quis.

   Vem confirmar-me, Mestre, tudo quanto ficou escrito, para que o mundo creia que Tu és a Vida e que só em Ti vivemos de verdade.

   Actos nove, treze-dezasseis.

   Até o tremor da dúvida e da expectativa é vida. Tu sabes, Jesus, como me vacila ainda o coração ao reproduzir esta minha tão rudimentar audição. Quase me dás a entender que o ouvido é a última coisa que me vais curar!

   Se o resto ficar tudo curado…

   Segue, Jesus, o Teu Plano e o Teu Método, comigo. Mas eu sei que Tu nos ouves como nós ouvimos um filho pequenino, atentos ao seu menor desejo. E sabes bem como alteramos tantas vezes planos e métodos, vencidos pelo encanto de um pedido seu. E Tu, pelos vistos, parece que ainda Te não comoveste com o meu tão insistente pedido para que me abras o ouvido. É assim tão importante que ele continue fechado?

   É, Salomão, é importante que o teu ouvido continue fechado, para que se abra o teu coração.

   Querido, Mestre! Tu é que sabes. Faz a Tua Vontade, mas não Te admires se Te voltar a pedir a mesma coisa milhentas vezes: estou tão cansado deste Deserto… é tão grande a minha ânsia de sair desta escuridão…

   O tempo está próximo, Meu filho. Ouvir-me-ás distintamente ainda este ano!

   Quis evitar escrever esta fala de Jesus, mas não consegui. As palavras de Jesus, desde que adquirem no meu espírito uma qualquer formulação, tornam-se uma fatalidade: eu tenho inexoravelmente que as exprimir. Não sei… É como se todas as outras saídas se me bloqueassem, é como se me sentisse pecando gravemente se impedisse o registo do que me surge no coração como fala de Jesus. É este um Mistério grande, porque me encanta e me faz sofrer. É o Mistério da Conversão, que implica comunicar. Alma e Deus têm que entrar em diálogo. Como, de outra sorte, poderia haver conversão? O que eu faço é só verbalizar as intervenções multiformes de Deus no Seu intercâmbio com a minha alma, neste – no meu caso lento – processo de conversão. Por isso acredito nesta Voz estranha de Deus que me aparece não sei onde e tantos encantos me tem trazido e tantas dores me tem causado. Talvez por isso eu trema ainda quando, como neste caso, passo a fixar a citação que recebi:

                                  Act. 9, 13-16

 
  Cá está um caso paradigmático: trata-se da conversão de Saulo de Tarso, no momento em que Ananias põe objecções ao Senhor, porque acha estranho que “esse homem”, com “todo o mal que tem feito”, possa ter-se assim convertido: “Vai, pois esse homem é instrumento da Minha escolha para levar o Meu Nome perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel. Eu mesmo lhe hei-de mostrar quanto ele tem de sofrer pelo Meu Nome”. Eu acredito no meu Senhor. Por isso creio que foi exactamente este texto que Ele quis que eu lesse neste momento. Porquê? Para quê? Ele vai certamente mostrar-mo mais tarde, porque Lhe estou pedindo para me deitar.

domingo, 23 de junho de 2013

1032 — Tudo Novo


   Não se põe remendo novo em roupa velha – é esta a Directriz fundamental do anúncio de Jesus. Tudo o que é velho deve seguir até à morte; tudo o que virá depois é um Renascimento, um novo Início. Nos nossos tempos, através de um insuspeitado número de Profetas, é isto de novo que Ele anuncia. Não é uma nova Primavera; é mesmo Tudo Novo, num campo devastado…

13/6/95 0:39           

   Agora Jesus vem suspender toda a tralha institucional que a Sua Igreja foi acumulando e que Ele permitiu por causa da dureza do nosso coração. Talvez tivesse que ser dizemos nós muitas vezes considerando os sucessivos contextos históricos e culturais. A dureza do nosso coração não concebe, de facto, uma outra forma de conservar vivo o Carisma, senão institucionalizando-o. Mas Jesus, ingénuo como sempre, acredita na Sua criatura: é possível organizar com base no Espírito, como era no Princípio. A Sua Igreja pode ser, em vez de uma máquina construída à nossa medida, um Organismo Vivo comandado pelo único Poder que não esmaga, antes une e faz crescer: o Espírito. É preciso viver agora como radical Novidade aquilo que sabemos de cor, porque é velho, tão velho que foi concebido desde o princípio e realizado quando chegou a plenitude dos tempos, há dois mil anos: A Igreja é o Corpo de Cristo!

   Gente! Está diante dos olhos e não o tínhamos visto: o Corpo de Cristo não pode ser “industrializado”, como tão certeiramente diz o próprio Jesus através da Vassula! Como no caso paradigmático do matrimónio, Jesus vem restituir tudo à sua pureza original. Ele não vem, como não veio, de facto, abolir um só jota ou um só ápice da Lei; ele vem, como veio, levar a Lei à sua perfeição, cumprindo-A.

   O meu Mestre não me deixa lugar a dúvidas: Ele quer mesmo Tudo Novo! Anda-me a dizer isto há que tempos! E eu olho o Monstro à minha frente e encho-me de entusiasmo: o Mestre vai realizar o impossível! Não estamos perante uma renovação qualquer, como tantas que o Espírito operou ao longo da história: trata-se agora da Segunda Vinda, essa mesma que está anunciada nas Escrituras como uma Vinda sobre as nuvens do céu, com Poder e Glória! É, em verdade, o “Fim dos Tempos”! Atenção: não é a “Consumação dos Séculos”; é só o fim dos tempos, o fim de uma era. Depois será um Tempo Novo, em que haverá um Novo Céu e uma Nova Terra! Estas não são palavras vazias; são palavras simbólicas e por isso cheias, grávidas de Realidade. Jesus fará o impossível e está muito perto esse Dia! Jesus é o meu Herói. Vou estar pertinho d’Ele para O ver actuar, para fazer o que Ele quiser que eu faça! Por agora, o que Ele quer é que eu fixe a Directriz fundamental: Tudo Novo!

sábado, 22 de junho de 2013

1031 — O Deserto


   O Deserto é importantíssimo na História do Povo de Deus. Também eu, pouco depois do exaltante encontro com Jesus, fui por Ele conduzido ao Deserto. Julguei que duraria, literalmente, quarenta dias. Mas não: a Aridez, o Silêncio, a Obra humana erguendo-se e esboroando-se como barro, intensificaram-se. Depois julguei que, mais um pouco, e estaríamos no Vale Verdejante. Foi então que Jesus me disse isto que muito me surpreendeu e alegrou: Não vamos sair do Deserto; vamos semeá-lo todo para que, quando a Hora chegar e a Chuva vier, aqui mesmo nasça o Novo Paraíso.

11/6/95 – 3:46

   – Bendito sejas, Jesus, pelo Deserto: é doloroso, mas limpa, cura e alarga o coração. E conhece-se o Teu. No silêncio das areias e dos montes despidos, agigantas-Te Tu como puro encanto. É como se estivéssemos numa cama de hospital e Tu estivesses permanentemente à nossa cabeceira atento ao nosso mais débil queixume, ao nosso mais insignificante desejo. Sente-se o Deserto como um tempo de necessária cura em que Tu nos enches de mimos para não sentirmos tanto as dores: é que se trata de um tratamento de choque, necessário certamente, por causa da profundidade e vastidão da nossa ruína interior. Por isso eu Te bendigo, meu querido Senhor. Tudo tens feito com perfeição. Perdoa se resmungo, se não obedeço prontamente, com medo de novas dores, quando precisas de me dar qualquer volta, fazer qualquer operação mais dolorosa. Eu sei que Tu entendes e por isso Te bendigo e Te peço que nunca deixes de me dar as voltas que forem necessárias, de fazer todas as operações que tens a fazer, mesmo que eu resmungue, proteste, grite ou diga Larga-me! Não me largues. Não estejas com grandes considerações comigo: faz é a Tua Obra sem perderes  um minuto! Quanto mais depressa a acabares, mais cedo Te darei o abraço que tanto desejo dar-Te, na plenitude da minha Felicidade de Homem Reconstruído pelas Tuas Mãos!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

1030 — Ele não é uma Causa


   Jesus, desde que em criança d’Ele ouvi falar, foi sempre o meu Herói. Pela Verdade que se desprendia das Suas palavras. Pela Sua Coragem. Pela Sua Coerência. Decorei palavras Suas desde a catequese, estudei-as a fundo na Teologia, preguei-as como padre durante doze anos. E no entanto, depois de outros doze anos de distanciamento e de silêncio, reencontrei-O. E comecei a falar de Conversão. Veja porquê.

10/6/95 – 10:49         

   Jesus é uma Pessoa: não é uma Causa ou uma muda referência doutrinal. Jesus é, como eu, uma Pessoa: olha, fala, acaricia. Tem expressões de alegria, de tristeza, de raiva. Tem carne e sangue e coração, como eu. Só tem uma diferença: sabe tudo e pode tudo. Mas isto, esta diferença, em vez de O afastar, aproxima-O mais, muito mais do que qualquer outra pessoa, da nossa humanidade, do nosso braço frágil, do nosso coração vacilante. Porque isso, essa diferença, dá-nos justamente aquilo que em qualquer outro amigo nos falta ou pode sempre falhar: a Segurança e a Fidelidade no Amor! Sabendo-O seguro, perdemos o medo que há em outras amizades; sabendo-O fiel no Amor, fazemos-Lhe as confidências que, com outros amigos, se mantêm fechadas no nosso coração. Cria-se um à-vontade completo com um Amigo assim! Não pode haver amigo mais próximo. E depois só apetece andar com Ele, pôr-mo-nos  ao serviço d’Ele  para tudo o que Ele quiser, abandonar tudo para O seguir por tudo quanto é caminho e direcção e horizonte, estar atento ao Seu Rosto para que ao menor sinal de tristeza a gente Lhe possa valer, nem que seja preciso ir ao fim do mundo ou ao fundo do abismo!

   Gente, Jesus é uma Pessoa! E tê-Lo descoberto como Pessoa é uma sensação nova, única! É como ter renascido outro. Que admira, pois, que tudo em nós – o brilho dos olhos, o timbre da voz, a direcção dos passos, os apegos do coração – tudo seja diferente! É verdade que os outros, os indefectíveis de todas as maiorias, passam a considerar aquele que assim renasceu diferente… para pior: vêem logo ali sinais de degenerescência, de loucura e passam a olhá-lo como um estorvo ou uma agressão. Mas todas as crianças, inesperadamente, passarão a aproximar-se dele como do jardim da sua harmonia.

   Jesus-Pessoa fala connosco. E isto não é uma figura de estilo: é a mais surpreendente descoberta da nossa vida, a mais concreta das realidades até então desconhecidas! Levamos é bastante tempo a entender a Sua Linguagem, tão diferente é da nossa. Mas isso não nos afasta: seduz-nos. Não estou a falar de palavras, porque palavras Ele usa as nossas em qualquer língua ou dialecto, porque o descobrimos poliglota sem qualquer restrição. Não, não falo de palavras e sinais, porque Ele serve-se daquilo que temos para comunicar connosco, sem sotaque; estou a falar do Mundo Novo que Ele nos traz, de paisagens, de recantos, de horizontes para que a nossa linguagem não tem ainda palavras, porque se trata de coisas nunca antes vistas ou sequer suspeitadas. E de caminhos. Caminhos tão outros, tão estranhos, tão esquisitos, que muitas vezes recuamos, assustados. É que se trata, sobretudo ao princípio, de caminhos estreitos, escorregadios, pedregosos, pelo menos para nós, que nunca por lá tínhamos passado. Mas o nosso Guia sim, Ele conhece tudo, Ele caminha ao nosso lado com impressionante segurança. E mais: não vacila sequer, quando nós escorregamos e Ele se dobra todo para nos levantar com aquela Mão firme e aquele Braço forte!

   Jesus é o máximo! A propósito da Sua Linguagem, repare-se no que Ele me tem feito a mim, no que me fez ainda ontem com aquela citação de Joel! Fala de cada forma mais estranha… Mas chega sempre onde quer, pelos caminhos que Ele lá sabe. Só pergunta se é da nossa vontade que Ele assim nos guie. Está sempre a perguntar se não nos sentimos violentados na nossa liberdade. Se O não sentíssemos tão simpático, tão querido, até se tornava chato de tanto perguntar, de tanto escrúpulo que tem com a nossa liberdade. Apetece-nos responder-Lhe, irritados – e eu já o fiz várias vezes: Não perguntes mais isso, já Te disse que não me violentas nunca, sossega, deixa de Te preocupares assim com a minha liberdade, não me voltes a falar no assunto e continua! Mas Ele não senhor: Estás bem? Não te estou a violentar? Não te estás a sentir empurrado, manipulado? Então apetece dar um abraço tão grande a este Chato!…

   Estou a chorar, aqui no café e assoo o nariz, para disfarçar. Só queria ter que assoar assim o nariz, para disfarçar, numa aula, frente à televisão, depois do jantar. Creio que esse dia vai vir ainda: Ele só quer que a gente Lhe peça, para sentir que somos nós que queremos, que não nos está a forçar. Só Lhe conheço este medo: o de nos forçar.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

1029 — “Industrializaram a Minha Casa!”


   Está escrito na abertura deste blogue que a Profecia da Vassula teve uma influência decisiva na minha conversão, na medida em que imediatamente nela reconheci a Voz de Deus, límpida, falando para o nosso tempo, e assim fui reconduzido ao verdadeiro Caminho de Jesus. Eis um exemplo:

10/6/95 5:12           

   Jesus e a Sua Igreja – é o tema dos algarismos. E era este o tema de ontem, na leitura que fiz da Vassula. No dia 14/10/91 está escrito isto: “Diz-lhes que o Coração do Senhor é Amor e que o Coração da Lei está baseado no Amor. Diz ao Meu Povo que Eu não quero administradores na Minha Casa; no Meu Dia eles não serão justificados, porque foram eles, justamente, que industrializaram a Minha Casa. Enviei-vos o Meu Espírito para viver nos vossos corações; eis por que o Espírito que vem a vós vos mostrará que a Minha Igreja será reconstruída dentro dos vossos corações e, no vosso coração, vos reconhecereis todos irmãos”.

   Duas coisas me impressionaram vivamente e por isso as sublinhei: “Eu não quero administradores na Minha Casa”, porque eles “industrializaram”-na; e a outra: “A Minha Igreja será reconstruída dentro dos vossos corações” e é “no coração” que se vai fazer a União, já que, aí, “vos reconhecereis todos irmãos”.

   Jesus, faz o meu coração arder de amor à Tua Igreja. Pediste-me que a reconstruísse. Oh, como eu queria executar aquelas Tuas Palavras: em vez de “administradores”, procurar “pastores” que vigiem e amem o Teu Rebanho; em vez de sábios, ir em busca dos que amam, para serem os pilares da Tua Igreja Reunida num só Povo!  Eu quero amar a Tua Igreja com o mesmo amor com que Te amo a Ti. Mas olha, Jesus: aquilo que Tu dizes é, aos nossos olhos, uma perfeita ingenuidade; como é, na verdade, possível substituir administradores por pastores e teólogos por crentes, se aqueles, os primeiros, é que controlam hoje toda a vida da Igreja? Onde encontramos uma diocese em que o bispo não seja o administrador de uma grande empresa fervilhando de organizações, actividades e funcionários? Como vamos reunir corações de igrejas diferentes, se logo os teólogos viram juízes sobraçando calhamaços de leis e prudências aconselhando, impedindo, condenando? Só eles  se julgam competentes para tratar de assuntos tão sérios! Vês, Jesus? O que Tu dizes está tão fora da nossa realidade, que Te vão chamar ingénuo a Ti e a quem Te apoiar. Mas é assim que eu gosto de Ti e é por isso que vale a pena dar a vida Contigo e por Ti. Foste sempre ingénuo, Mestre, e só por isso foi possível pregares a Loucura do Evangelho e só por isso morreste naquela Cruz! E só por isso, pela Tua radical Ingenuidade, foi possível ressuscitares e entrares nos nossos corações para nos curar! E, pela amostra, continuas nos nossos dias a ser ingénuo, meu Senhor! Quem Te ouvirá? Só mesmo os simples. Reúne, então, meu Amigo Omnipotente, todos os ingénuos, dos quatro cantos da terra, para os fazeres Alicerce da Tua Igreja Nova! Despede dos altos cargos e tronos, de mãos vazias, todos os nossos sábios e prudentes, para que, assim confundidos, Te reencontrem na humildade. Porque Tu os amas a todos e de todos precisas na Tua Igreja. Dá-nos teólogos humildes. Dá-nos bispos ingénuos. Dá-nos pastores simples como os cordeiros que apascentam! Dá-nos um Papa que ame “mais do que estes”. Deixa-me ajudar-Te a entrar nos corações. Dá-me a Tua Sabedoria para urdir Contigo a Teia da União! Ah, se eu pudesse um dia entregar-Te uma Igreja unida! Não, não me julgo capaz de unir nada sem Ti; era só um presente que eu imaginei dar-Te, porque sei que Te faria muito feliz! Vamos unir as igrejas num só Rebanho, Jesus! Deixa-me ajudar-Te. Eu acredito que isso seja possível, tu sabes! Eu acredito em Ti! Olha, Jesus: são 7:06, o que equivale a 6:66, o sinal do Teu Inimigo. Vai dar um estoiro monumental, ele, não vai? É desta vez que ele vai ser acorrentado e a nossa Pequenina lhe vai esmagar a cabeça, não é? Eu sei: não vai ser ainda a consumação dos séculos e ele voltará, porque o homem que criaste vai continuar olhando, encantado, o fruto proibido e continuará sempre, com o incompreensível Dom da Liberdade, ouvindo também outras vozes além da Tua. Mas vais reduzir Satanás ao seu canto, não vais?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

1028 — Voltar à Bíblia


   Quando começar a ser publicada a edição integral destes “Diálogos…”, o leitor vai verificar que logo no início e durante um tempo longo, Jesus, para que eu O ouvisse, me conduzia muitas vezes à Bíblia, que eu havia anos que pusera de lado, para me dedicar sem parança a fazer coisas supostamente pelo Reino de Deus. Mas às vezes os textos que Jesus me indicava não me parecia virem nada a propósito, ou eram mesmo intragáveis. Veja-se aqui um exemplo.

5/6/95 14:51!

   Estava divagando. Inesperadamente lembrei-me de que não tinha ainda aberto o Livro, hoje. Então ouvi: … Esqueci-me do capítulo… e também os versículos já me estão baralhados no espírito. Sei que havia uma hesitação entre o 16 e o 18 para versículo de conclusão do texto… Que faço? Vou tentar ouvir de novo… Deuteronómio catorze, dezasseis-dezanove. Sem elementos perturbadores, surgiu assim agora no meu espírito. Eis, pois:
 
                                   Deut. 14, 16-19
   Como é levezinha, frágil a minha Fé! Mas deve ser resistente! Deve conseguir furar por entre as trevas para assim ouvir a imperceptível Voz de Deus! Escrevi aquela citação sem qualquer tremor e isto é um milagre aos meus próprios olhos! Estranho: não sinto presunção; escrevo com tanta segurança aqueles algarismos como se Jesus em carne estivesse aqui falando, ao meu lado, a uns centímetros de distância! Só agora vou verificar e ler (…).

   Vale a pena transcrever tudo:

   “A coruja, o mocho, o íbis, o pelicano, o corvo marinho, a cegonha, toda a variedade de garças, o faisão e o morcego. Considerareis impuro qualquer insecto alado: não o comereis”.

   É isto que dizem os versículos 16-19 do cap. 14 do Deuteronómio!!

   E agora? O Demónio quer ver-me prostrado, mas eu estou em pé. Tranquilo: eu sei que Jesus me está transmitindo uma mensagem importante. Não sei ainda é qual ela seja. Nem vejo hipótese nenhuma de a descobrir por mim mesmo, o que equivale a dizer que nada do que eu escrever a seguir poderá decorrer de qualquer elaboração mental da minha parte. De facto eu estou árido de espírito, dói-me e pesa-me a cabeça, da sinusite, a única coisa que me apetece é ir deitar-me. Mas acabo de fazer o propósito – e mesmo este propósito é um Dom do meu Senhor – de aqui ficar a escrever até que o Senhor me diga o que me quer com aquele texto.

   Jesus, ajuda-me: aquilo faz parte das coisas que Tu deixaste cair, do Velho Testamento; declaraste, no Novo, que nada do que Deus criou é impuro. Que me queres dizer então, a mim especificamente, hoje?

   Que não há na Minha Criação nada de impuro.

   Pronto, Jesus, eu sei, eu já sabia. Continua, Mestre.

   Que fizestes à Minha Criação?

   Conspurcámo-la.

   A Minha Criação está toda impura, por vossa causa!

   Também isso eu sei, Jesus. E agora, que queres que façamos?

   Que limpeis a Minha Criação!

   Está bem, Jesus. Diz ao Pai que, se eu pudesse, passava a minha vida como vassoura varrendo o lixo da Tua Criação!

   Precisava de muitas vassouras.

   Não, Jesus! Eu sei que, nas Tuas Mãos, uma só chegava. Aqui estou. Faz-me vassoura e começa a limpar!

   Deixas-Me começar pelo Meu Templo?

   Já Te disse várias vezes que escusas de me pedir o que quer que seja: pega em mim e usa-me! Será que não me ouviste ainda? Já To pedi centenas de vezes! Eu não me importo que me violentes! Ou será que é bom que eu Te continue pedindo, sempre pedindo, mesmo sabendo que até já me atendeste, como está acontecendo noutros casos?

   Pedir é amar. Precisamos de limpar a Criação, para que o Amor possa germinar de novo, e crescer.

   Jesus, começa por mim. Que nada abafe o Teu Amor que está para nascer em mim! … Fala, Jesus! Que mais me queres dizer?

   Que Me ames, para que a Minha Criação fique pura!

terça-feira, 18 de junho de 2013

1027 — Mercenário


   Sempre tive uma forma empenhada de dizer as coisas. Semmper levei a sério todas as minhas tarefas, obrigatórias ou voluntárias, sem pensar em dinheiro.Mas Jesus um dia chamou-me mercenário! No diálogo seguinte tento entender porquê…

22/5/95 2:45

   A sabedoria sempre foi para mim algo de seco, uma espécie de armazém de informações prontas a serem usadas à medida que fossem precisas…

   Sabedoria era riqueza acumulada!?

   Isso! No fundo era isso. Quem mais sabe, mais rico é. Diz-se por cá que a sabedoria é que distingue as pessoas cultas e a cultura é a maior riqueza.

   Pobres ricos! Quanta miséria!

   A nossa sabedoria empobrece-nos?

   A vossa sabedoria é pobreza extrema.

   Explica, Jesus. Não deveríamos saber? Que dizes das nossas escolas?

   As vossas escolas matam-vos a vida do coração.

   E agora? Que faço eu então na escola?

   Ama os teus alunos.

   Tanto queria amá-los…

   Estás com eles um ano inteiro, dois anos inteiros e despede-los sem os conheceres… Tu és um mercenário!

   Pois… Nunca tinha pensado nisso.

   Há tanto onde mexer, Salomão, dentro de ti!

   Esta foi mesmo Tua, Mestre! De facto, como é possível passar tanto tempo com as pessoas sem as amar! Querido Mestre! E agora? Como vou amar alunos? Eu tenho que lhes ensinar Português e Latim, eu tenho que lhes dar o programa…

   Tens que lhes meter dados lá dentro?

   Pois. E também desenvolver capacidades. O Latim, por exemplo, além de outras coisas, cria disciplina mental.

   E a “disciplina mental”, para que serve ela?

   Para ter ideias claras, para formular juízos lógicos.

   Sim.

   Não dizes mais nada? Porquê? Não é bom ter ideias claras e formular juízos lógicos?

   Só é bom o que vem de Deus.

   E o Latim veio de quem?

   Do Ministério da Educação.

   Apre, Jesus! E agora? Não devo ensinar Latim?

   Amar os teus alunos é a única coisa necessária: são o teu próximo.

   E o Latim, Jesus!? Diz-me o que faço agora!

   Tens que continuar a dar aulas de Latim, não?

   Pois tenho. Senão, de que vivo?

   Não queres viver de Mim?

   Mas o pão, Jesus, quem mo dá?

   Não é o Pai? Quando rezas o “Pai-Nosso” não é a Ele que pedes o Pão?

   Pão com maiúscula?

   Não é muito importante o Pão?

   É, Jesus. Olha: sinto o Demónio aqui à roda, querendo meter-se. Ele não deve gostar da conversa.

   Ele sabe que é por aqui que o seu reino será destruído.

   Como, Jesus? Destruindo as escolas?

   As escolas são o seu baluarte, a sua fortaleza.

   Ah! Olha, eu ando sempre a dizer aos alunos que a escola não presta, mas que não temos outra.

   Faz tu outra.

   Não se consegue, Jesus! Como?

   Amando.

   E o Latim?

   Serve-te do Latim para amar.

   Como, Jesus? E o programa?

   Só há um programa.

   Programa, com maiúscula, não é, Jesus? Estás-me a falar do Teu Plano, não estás?

   Sim, Salomão. Só há um Plano de aulas. Só há um Programa para todos os homens.

   Como faço, Jesus!? A escola é um monstro!…

   Entendes agora, Salomão?

   Entendo sim, Jesus. Mas como se faz ruir este monstro?

   Amando, Salomão, amando.

   Como se ama dando Latim, Jesus? Ainda não me respondeste.

   Ama-Me a Mim e deixa a escola Comigo.

   Deixo a escola Contigo?

   Não disseste que ela é um monstro?

   Mas eu tenho que lá estar. É o meu ganha-pão!

   Ao que vós vos sujeitais para “ganhar pão”! O Pão é um dom do Pai!

   Se eu Te entendo hoje, Jesus! Não disseste que haveríamos todos de “comer o pão com o suor do nosso rosto”?

   Até o suor do vosso rosto, para que vos dê o Pão, terá que ser um Dom do Pai.

   Mas a escola, Jesus? Como fica? O Latim, como fica?

   Ama os teus alunos e deixa a escola e o Latim comigo.

   Como os amo dando Latim?

    Amando-Me a Mim.

   Pois, meu Senhor, eu sei. Mas quando vens ao meu coração, como Amor?

   Já lá estou.

   Jesus, Jesus! Então porque não o abrasas?

   Salomão, Salomão, Meu querido filho!

   Jesus ficou assim olhando-me e foi como se desse por terminada a aula. É a Novidade ou não é, este Mestre?