Foi novamente com um sonho que acordei. Mas só me lembro desta vez de um qualquer conflito entre pessoas e de umas ossadas muito brancas. Sei que também o profeta Ezequiel fala de ossadas como símbolo. Não sei se é no capítulo dez, mas desde o início deste Escrito que ouço com insistência “Ezequiel, dez”.
Penso, no entanto, que antes de abrir o Livro devo anotar a grande violência que o Senhor está exercendo ou deixando exercer sobre mim. Aquele diálogo do final da tarde de ontem foi arrasador: acabei com a cabeça doendo, uma grande tensão dentro de mim. Depois do jantar a leitura da Vassula acalmou-me. Hoje acordei de cabeça ainda dorida. Acho que estou puxando por ela de forma muito insistente nos últimos dias, alguma preocupação me atravessa o espírito, mas é sempre maior a confiança no Mestre: com Ele nenhum mal me acontecerá. Mas estou, de facto, muito só cabeça, o coração sempre árido. A verdade é que eu não sei o que hei-de fazer para alterar esta situação. Sei, aliás, que nada posso fazer de mim e tem sido insistente a minha oração ao Senhor para que me acorde e inflame o coração. Ele assim o não quis, ao que parece.
Exprimo-me assim, porque continuo com muitas dúvidas. Ontem então a dor desta dúvida atingiu o auge. É que eu continuo escrevendo coisas inauditas acerca de mim próprio e estou-me parecendo de tal forma egocêntrico que a imagem que me ocorre ao espírito é a de um autêntico psicopata. E a solução seria neste caso acabar com tudo, pôr-me humildemente no meu lugar e pronto. O pior é que eu não sei qual é o meu lugar! Que é ser nada, eu sei; mas este nada admito que o esteja Deus preparando para uma missão-chave na Sua Igreja. Por vezes, como agora, me sinto ridículo ao pensar assim! Eu não tenho o mínimo perfil para ser nada de importante na Igreja de Jesus: sou despassarado, de humores irregulares, impressionável ao mínimo toque, pelo menos aparentemente precipitado e inconveniente na acção, para já não falar na minha situação institucional: frade desfradado, padre despadrado, casado descasado. Mas há outro lado: o Senhor disse que do frágil e desprezível aos olhos do mundo, do louco e impossível aos olhos do mundo se fará a Novidade do Seu Reino. Além de que nos últimos anos eu tenho sido uma surpresa para mim próprio e para quantos me conhecem exactamente pela espectacular revelação de características contrárias às de um aluado típico: resistência e capacidade de trabalho, organização, rapidez, eficiência.
Não sei, pois, que faça. Acresce ainda o facto de eu estar sempre sozinho. Não há nenhuma prima Isabel que me sirva de confidente e me ajude a ponderar todas estas coisas. O único a quem revelei a grande profecia de Jesus a meu respeito e tentei fazer meu director espiritual porque me pareceu estar aberto a todo este fenómeno, desiludiu-me completamente: rejeita a Vassula, não leu os Escritos que lhe apresentei, é um intelectual entusiasmado com os processos do intelecto, enfim, não tem tempo para estas coisas. Numa palavra: não me levou a sério. Assim, só Jesus, o meu Senhor das Cinco Chagas, me acompanhou neste Deserto, só Ele é o meu alento e a minha Luz, conforme indicam os algarismos acima registados. Parece mesmo dizer, na clareza daquela imagem (5:15) que não procure mais ninguém, que só Ele é o meu Confidente e o meu Educador e o meu Director Espiritual e a minha Luz e o meu Amor – o meu Tudo!
Que faço então? Quem sou eu? Monstro ou filho muito amado de Deus? Sou ainda as duas coisas – diz-me o meu Guia – mas não sei ainda que culpa tenho, nem quando a minha disformidade dará lugar à Imagem resplandecente de Deus. Só espero e creio. Deus é fiel e ama-me muito, muito, muito. É nesta total confiança que vou abrir o Seu Livro onde o meu frágil ouvido me indicou, porque sei que se não comer deste Pão e não beber desta Água, então sim, serei irremediavelmente um psicopata e acabarei por morrer:
Ez. 10 |
Li e não suspeito ainda qual a riqueza que aqui se encontra escondida.
São 7:07.
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