Eis, pois: que me quer o Senhor com tão variados elementos simbólicos? Em todos eles sou figura central, quer substituindo o velho pela surpreendente Novidade, quer dando rosto ao impossível conseguido pelo Senhor, quer abalando toda a estrutura clerical da Igreja, quer ainda servindo de modelo sem mancha para o Povo de Deus, quer finalmente como sacerdote e profeta, levando sobre mim os pecados de toda a Igreja. Quem sou eu?
Um megalómano, grotesco ridículo monstro!
– Jesus, neste fim de tarde, em que já a minha cabeça se dobra cansada, diz-me quem sou eu. Quem sou eu perante os Teus Olhos, Jesus?
– Tu és o Meu…
– Diz, Jesus! Preciso de saber quem sou.
– És um monstro.
– Não acredito, Jesus! Não pode ser!
– Pediste-Me que te dissesse o que os Meus olhos vêem.
– Sim. E…
– E vejo-te monstruoso.
– Mas não pode ser, Jesus! Eu gosto muito de Ti… Tu gostas muito de mim, eu sei…
– Amo-te loucamente. Até às lágrimas, não ouviste?
– Então!?
– Então não suporto a tua disformidade!
– Meu querido Senhor… E que posso eu fazer?
– Nada.
– E agora? Fala-me, Jesus! Quem sou eu?
– O Meu filho muito amado.
– E monstro?
– Sim. E monstro.
– Não estou a entender… Não quero pôr-me a adivinhar a Tua resposta. Porque me deixaste meter-me aqui?
– Os monstros metem-se sempre em situações monstruosas.
– Liberta-me, Jesus. Deste buraco e desta monstruosidade… Eu tenho que ir jantar…
– Porque não vais?
– Vou?
– Porque não?
– E como fica isto?
– E se ficasse assim?
– Assim?!!
– Janta e acalma-te. Eu dou-te a Minha Paz.
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