Que outra coisa não tivesse revelado este desencontro em Lisboa, bastaria já isto para o tornar fecundo: confirmou que vivo muito bem sem projectos e que as aparentes frustrações não o são, de facto; são energias vitais que projectam sempre para mais longe os meus passos e me conformam de forma mais consistente com o Caminho do meu Mestre.
– Maria, não consigo continuar a escrita, porque os meus olhos está-os fechando um peso de chumbo.
– E porque não sais do café e não vais dormir?
– Porque quero acabar esta página.
– É um motivo sério, esse!… Diz-me: que horas são?
– 20:08.
– Não estiveste desde as 11:28 da manhã a tentar escrever, pois não?
– Não: mal comecei, fui interrompido pela chegada de uma das minhas filhas.
– Então está explicado o sono: estamos no fim de um dia que eu sei ter sido particularmente cansativo.
– Pois foi: recebi em casa, para o almoço, quatro colegas meus, três deles com as respectivas esposas – um almoço que só terminou há pouco.
– Vi que refilaste por te aparecerem mais que os previstos, mas valeu a pena esse convívio alargado…
– Foi: durou-me pouco o refilanço e acabou por se criar um ambiente agradável e intenso.
– Em que todos te elogiaram pela recepção que proporcionaste…
– Sim, foi muito bom: senti-me como uma criança a quem tudo corre bem. É tão bom aceitar simplesmente o que nos acontece…
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