– Maria, esta imagem numérica só me diz que está tudo bem.
– Tens que esclarecer isso; o que mais se ouve dizer é que está tudo mal.
– Reli agora o que foi escrito aqui ontem; é a esse bem que me refiro.– Só ao que escreveste ontem?
– Ontem o Espírito conduziu-nos à visão do Paraíso Definitivo; agora o mesmo Espírito, naqueles Sinais, acaba de nos dizer algo semelhante ao que Yahveh disse no Sexto Dia, depois de ter criado o Homem: tudo o que até aí fora feito era muito bom!
– Podes dizer, em poucas palavras, o que é o Paraíso Definitivo?
– É Deus unido à Sua Criação em eternas Núpcias.
– Toda a Obra de Deus tornada Sua Noiva!?
– Exactamente.
– E Deus amando esta Noiva eternamente, com a veemência de um dia de Núpcias!?
– Eu diria, talvez, de uma noite de Núpcias…
– Nunca consegues abstrair da sensualidade, pois não?
– Não: a característica desta Noiva que mais encanta Deus é a sua sensualidade.
– Quem to disse?
– Foi Ele mesmo; segundo as Suas próprias palavras, Ele veio buscar o que estava perdido. E, segundo as Suas obras, para o conseguir Ele cometeu uma inominável Loucura…
– E era a sensualidade que estava perdida?
– Era: a Obra que fizera surgir durante seis Dias era de uma beleza arrebatadora e vivia feliz no inebriante Prazer que a trespassava continuamente…
– E tudo isso se perdeu?
– Beleza e Prazer começaram a ser sistematicamente agredidos, feridos, mutilados, conspurcados. Tudo foi instrumentalizado ao serviço de um Projecto assassino. A Criação foi aprisionada e deixou de ser feliz.
– A Felicidade da Criação era a Sensualidade?
– Parece agora óbvio, não achas? Ela era dotada de sentidos capazes de provocar sensações que, lidas e interpretadas pela estrutura invisível que a comandava, se tornavam Prazer puro.
– Foi então esse Prazer da Criação que o Pecado atingiu de morte!?
– Sim, o Pecado iniciou no Universo uma implacável devastação que obviamente transformou as sensações de prazer em sensações de dor. Foi esta Dor, tão contrária à natureza de tudo quanto havia criado, que dilacerou o Coração de Deus e despoletou nele aquela Loucura que aqui nestas páginas temos contemplado…
– O Mergulho na Dor!?…
– Mergulho, sim. Baptismo. É este e só este o Baptismo de Deus, que Ele com tanta veemência e ternura nos pediu que partilhássemos.
– E que nós não aceitámos receber até hoje!…
– Ampliando cruelmente a Sua Dor, porque assim continua o prazer da nossa Sensualidade a ser sofregamente instrumentalizado, desordenado, desvitalizado. Era a Sensualidade que fazia a Criação feliz.
– E era ela o objectivo do Criador!?
– Parece óbvio, agora: foi para ser feliz que Deus chamou à existência o Universo!
– E vai ser feliz de novo!…
– E definitivamente. Uma felicidade que nem o primeiro Paraíso conheceu.
São 10:41!!
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