16/8/00 — 4:13 — Rossão
Não há nenhum homem como eu, nenhum Profeta como eu, nenhum Filho de Deus como eu! Ninguém é como eu. Ninguém está como eu. Sou verdadeiramente único em todo o Universo. Por isso a minha Alma tem que ser uma surpresa contínua para os meus semelhantes. Por isso a minha Alma tem que ser inesgotável. Por isso eu creio em mim. Por isso eu espero tudo de mim. Por isso eu posso amar com um amor puro e absoluto, sem mistura, sem mancha de maldade.
Foi isto que Jesus fez de mim: segregou-me da Uniformidade, trouxe-me para esta Solidão e mostrou-me a mim próprio. Começou por me apontar o meu edifício antigo e com isso me fez nascer no peito um veemente desejo de me desfazer todo. Lembro-me muito bem: eu só queria ser nada. Tudo o que eu era tinha sido feito por mim e deveria simplesmente desaparecer, porque era uma construção ridícula, talhada segundo o modelo que me era posto diante dos olhos, alterada segundo a moda do momento. Eu era só como uma veste vestida num manequim de gesso. Por aquele caminho eu nunca mais me encontrava, nunca mais saberia quem sou.
Depois o Mestre pediu-me que O deixasse reconstruir-me, porque o nada a que de repente me vi reduzido era mesmo nada, não tinha nada mesmo, portanto não tinha também possibilidade nenhuma de se construir a si próprio. E eu deixei o Mestre fazer o que me pedia. Teve que usar de muita paciência, porque eu insistia em conservar trastes velhos, eu estava ainda agarrado a méritos que acumulara, eu não era capaz de me abandonar simplesmente nas Mãos do Artista a Quem, de coração alvoroçado, me tinha entregue.
Como de uma semente, vi-me então surgir eu, eu todo diferente daquilo que julgava ser. De carcaça vazia por dentro e sempre aos encontrões para arranjar espaço e poiso fora, tornei-me um Acontecimento permanente, aberto a um território sem barreiras, sem nenhum limite de tempo nem espaço. Soube então que era de Raça divina e que portanto possuía todos os Atributos de Deus. Sabia, da construção teológica que eu tinha assimilado, que sentir-se assim e proclamar-se assim era uma heresia monstra. Mas tudo, afinal, nesta caminhada em direcção ao meu Ser divino, eram heresias que eu ia derrubando e ultrapassando, uma a uma, de coração feliz. Até que perdi por completo a noção de heresia e diante de mim só ficou o Mistério e dentro de mim um coração inocente disposto a segui-lo, sem sequer saber de etapas nem metas, porque todo o Território diante dos meus olhos está aberto, sem que eu vislumbre qualquer limite.
Só conheço agora um limite, e pesado: é o da minha antiga carne, que Jesus me pediu que conservasse, para nela poder proclamar que a Salvação chegou!
São 6:15!
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