20/7/00 — 5:58
— Mãezinha, protege-me. É tão frágil o fio da minha vida neste Deserto…
— E que querias que Eu te fizesse, Meu pequenino?
— Que não deixasses desaparecer de mim a sedução do Céu.
— Já não te seduz, o Céu?
— Agora Tu sabes que a minha vida depende toda do Céu: nenhuma força deste mundo me consegue já prender o coração. Mas também o Céu parece ficar todo vazio dentro de mim, às vezes. Vês que até o Teu Encanto parece estar agora desaparecendo?
— Não sou já Maria, a tua Amiga e Enamorada?
— Tu encantavas-me da mesma maneira sempre: como Mãe, como Rainha, como Guerreira, como Irmã, como Amiga, como Enamorada. Mas não vês que no meu coração só há lugar agora para a mágoa de me parecer tudo devastado, até o Céu?
— Não está o Céu, o próprio Céu, há muito tempo devastado nos corações das pessoas, Meu pequenino?
— É verdade: já nada esperam do Céu as pessoas.
— Diz mais uma vez o que fizeram do Céu.
— Fizeram dele uma imagem da terra. Transformaram-no numa instituição como as deste mundo, onde os homens têm tudo previsto e catalogado e o que não têm dominado esperam vir a dominá-lo em breve.
— Tem ainda o Céu algum encanto?
— Não. Nenhum. O Céu tornou-se uma instituição pesadona, incómoda, que os seus milhentos funcionários continuam a querer impor às pessoas como necessária.
— As pessoas já não consideram o Céu nem sequer necessário?
— Muitos já o dispensam completamente; outros consideram-no como uma componente da vida, tão necessária apenas como as instituições comerciais ou políticas.
— Está em vias de extinção, o Céu?
— Talvez não, porque muitos precisam dele ainda, para dar respeitabilidade e credibilidade aos caminhos que seguem.
— E querias tu, Meu pequenino, acabar o teu percurso entre os teus irmãos sem lhes teres assumido o desencanto da única coisa que os poderia seduzir e encantar?
— É que no meio desta devastação tenho medo de que também a Tua sedução enfraqueça e acabe por se extinguir. Os meus sentimentos parecem também todos secos, Mãe! Exactamente como a terra que atravesso.
— Observa com atenção os Sinais, Meu filhinho. Não está escrito que nos tempos do Fim Eu serei levada para longe, para que o Meu Filho possa regressar vitorioso?
— Então volta depressa, Mamã. Volta para cada um conforme o seu coração precisar. Mas vem ser o nosso invencível Encanto.
São 7:47!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário