19/7/00 — 6:01
— Jesus, deixa-Te ouvir! É tão difícil isolar-Te das vozes da Cidade que me assediam todo o tempo…
— Já Me ouves, agora?
— Sim, à maneira costumada, acreditando neste diálogo que passei a ter Contigo. Mas eu continuo suspirando pela verdadeira locução interior…Não o consigo evitar… Tu hás-de entender: sabes como é difícil acreditar em que, no meio de tantas e tão discrepantes vozes, é a Tua genuína Voz que acaba por ficar escrita, se ela consta apenas do que cai no bocadinho de Silêncio que sempre acaba por se fazer dentro de mim.
— Diz quais são as vozes da Cidade que agora mais te enchem o espírito.
— São as vozes das minhas preocupações com o espectáculo que dentro de dois dias tenho que levar à cena com os meus alunos: são muitas e não me querem largar.
— E porque estavas evitando falar delas?
— Porque achava que ia sobrecarregar esta Profecia com mais um caso particular…
— Não é tudo o que escreves o relato de um caso particular?
— De facto, eu só escrevo as coisas que me tocam a mim particularmente, mesmo os grandes Tesouros do Mistério de Deus que nos tens revelado…
— E que característica adquirem as palavras que escreves relatando só assim o que tu próprio vives?
— Elas não são nunca palavras ocas, são sempre palavras vivas.
— Viveste ainda há pouco a preocupação de chegares ao nosso Silêncio?
— Isso vivi. E de forma dura: eu lutava por Te encontrar, como se tivesse que atravessar um grande emaranhado de arbustos e silvas numa passagem estreita.
— E custa-te acreditar em que, num caso destes, Eu estou pertinho de ti? Consegues imaginar-Me alheio — teu problema, se ele é justamente encontrar-Me?
— Não, dada a forma como sei que me amas, isso não seria, de facto, possível. Mas é justamente por isso que eu achava natural que a Tua Voz irrompesse, bem distinta, dentro de mim. Eu peço-To tantas vezes…
— E julgas que não te dou o que Me pedes?
— Eu sei que me satisfazes todos os meus desejos bons a um nível que eu não posso calcular o nível da surpresa. Mas às vezes vou-me abaixo…
— Houve já algum problema teu que Eu tivesse desprezado?
— Isso nunca: tu queres sempre que eu Te fale dos meus problemas concretos.
— Qual é o teu problema concreto neste momento?
— É que me deitei muito tarde, tenho que me levantar às oito e queria descansar ainda um pouco…
— E achas que eu vivo esse teu problema?
— Vives, certamente.
— E não é ao cerne da Cidade que tanto desejas acompanhar-Me? Não é ao fundo da surdez de milénios que queres chegar Comigo?
São 7:37!
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