26/5/99
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Jesus tem-me levado a viver, uma a uma, todas as Suas experiências enquanto pisou a terra como homem de carne corruptível. A última é a percepção do Seu Reino como situado inteiramente no território do Impossível. Ora isto tem uma consequência natural: ao mesmo tempo que a vida neste mundo se torna insuportável, os nossos sonhos tornam-se cada vez mais ousados, mais loucos, mais impossíveis.
Aos olhos do mundo tornamo-nos, por isso, pessoas sem préstimo e portanto inofensivas ou, se os nossos sonhos arrastarem multidões, pessoas perigosas. Somos sempre, de qualquer modo, pessoas incómodas: no primeiro caso, porque estorvamos; no segundo, porque ameaçamos o Sistema.
E sempre o mundo tem conseguido neutralizar os sonhadores: ou marginaliza-os e serve-se deles como bobos, ou absorve-os e coloca-os ao serviço da Engrenagem. Conseguiu fazer isto do maior Sonhador da História! Jesus serve hoje para dar respeitabilidade ao reino de Satanás.
Enternece-me a ingenuidade de Jesus. Ele sonhou tão alto quanto um homem pode sonhar e viveu coerentemente o Seu Sonho até ao fim.
Como uma criança, Deus acreditou em nós!
Mas nós traímos a Fé com que o nosso próprio Criador Se nos entregou! Conseguimos fazer isto, gentes, e não creio que alguém encontre explicação para semelhante maldade. Mas creio em que, se um dia dermos conta do nosso Pecado, será impossível mantê-lo.
Actualmente ninguém vê onde está o Pecado. Passo pela Cidade e grandes e pequenos, sãos e doentes, a todos vejo gastarem todas as suas forças na conservação e ampliação do seu Pecado. De facto, ninguém mais espera de Deus o Bem; todos, pelo contrário, confiam na obra humana e se ela continuamente os desilude, é nela ainda que confiam para vencer a sua desilusão. Quanto mais dispensamos Deus, mais cegos nos tornamos. Assim, a nossa Torre acabará por ruir, esmagando-nos. É horrorosa esta visão. Atacados de progressiva cegueira, os homens estão construindo um monstro ao qual se entregam como seu senhor e rei. É, portanto, lógico que sofram cada vez mais, comandados por esta criatura feita de peças mortas. Mas não são já capazes de ver a perversão do monstro e portanto nem sequer pensam em desmontá-lo; antes, numa atitude de quem perdeu toda a lucidez, tentam aperfeiçoá-lo. É claro: uma vez que nasceu monstro, quanto mais perfeito monstro, mais perfeitamente esmaga, mais vasta e funda é a dor que causa.
Jesus está de novo, em mim, sonhando o fim do Monstro.
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