Fé
é uma das palavras gastas no barulhento rolar dos nossos dias. Por isso nada
sabemos hoje do imenso poder que ela encerra. Nós conseguimos até banalizar a afirmação
de Jesus de que a Fé remove montanhas! E foi uma grande desgraça que isto
tivesse acontecido. Estamos, porém, num tempo especialíssimo em que aquilo que
está esterilizado e morto ressurgirá como inaudita Novidade. O Milagre
acontecerá, conforme a seguinte mensagem anuncia.
A fé muda tudo. O mundo que ela desvenda é completamente novo.
Como sei eu isto? É uma especulação? Tirei-o como conclusão de um longo
estudo? Li-o em livros? Não, não foi em livros que o li. Nem sequer na Bíblia!
Pela Bíblia apenas, eu nunca chegaria àquela declaração. Todos os livros, todos
os estudos, todas as investigações revelam trabalho e experiência dos outros. Aquilo, porém, que me move,
que me muda, que alarga sucessivamente o meu horizonte, está em mim. Sempre esteve, desde o início da
minha existência. É o Princípio da Vida e o Princípio da Ciência do Bem e do
Mal. Têm estes dois Princípios missões diferentes mas não separadas ou
discrepantes: eles estão unidos num só Princípio, Origem e Fonte do Movimento e
da Harmonia.
Não precisaríamos de mais nada para nascer, crescer e desabrochar senão
do estímulo de todos os outros seres como alimento. Por isso eles foram criados
antes de nós. Nós somos o cume e o centro da Harmonia criada; dentro de nós
palpita sempre aquele Princípio, imortal, incriado, eterno. Tudo à nossa volta
esperou o momento da nossa criação. Então sim: tudo estava perfeito e tudo
poderia receber através de nós a Vida e a Harmonia, que jorrariam para sempre
do nosso Núcleo Íntimo, onde aquele Princípio, ou Fonte, se tornaria para nós,
à medida que dele tomássemos consciência, o mais espantoso Prodígio da nossa
existência: sendo em cada um de nós diferente e por isso surpresa contínua para
todos os outros, era no entanto em todos a mesma Fonte da Vida e da Harmonia.
Inesgotável. Eterna. E nela reconheceríamos o nosso Criador!
Tudo isto entrou em degradação quando concebemos o tenebroso projecto de
edificar uma ordem alternativa a esta. A Fé é esta Fonte que permanece
latejando em nós, enquanto à volta a Ruína se multiplica. Se ela acordar e
quiser voltar à Ordem perdida, ninguém a poderá deter.
…
Ainda não encontrei ninguém com verdadeira Fé. Há certamente pessoas
isoladas, aqui e ali, sepultadas sob o estrondo e o espectáculo da nossa Babel,
de coração limpo, onde brilha uma Fé autêntica. Mas ainda não nos encontrámos.
É suposto, portanto, estar eu convencido de que tenho já uma Fé
autêntica. E é verdade: sinto que a minha Fé é pura, forte, invencível. E julgo
não estar possuído de soberba ou cegueira ao falar assim; não posso é ignorar o
Dom do meu Senhor. Ora se, como eu, há outros, mesmo que pouquinhos, assim
incondicionalmente apaixonados pelo Coração de Deus, porque não nos junta o
nosso Apaixonado comum? Se, por outro lado, esta Fé que nos inunda e quer
voltar à Ordem perdida “ninguém a poderá deter”, porque não se manifesta ela,
mesmo isoladamente, de modo a podermos viver já em conjunto, ao menos no
Silêncio do coração de cada um, o irresistível Poder deste Acontecimento
escondido?
Só encontro uma resposta: porque não chegou ainda a Hora. A Hora do
Encontro. É aqui que nascerá a Igreja. Ela mudará tudo. E o mundo que ela então
anunciar será completamente novo. E há-de realizar-se, porque ela estará
possuída de verdadeira Fé. (Dl 29, 29/10/04)
Veja também o texto 154 (Agosto
2010)
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