Jesus não Se transfigurou no Tabor apenas para dar espectáculo. Do mesmo
modo também não ressuscitou para exibir perante nós o Seu poder de Vencedor da
Morte. Jesus não fez nada para Se mostrar superior a nós; tudo o que fez foi
para nos dizer que pode acontecer connosco tudo o que aconteceu com Ele, que é
este mesmo o poder que reside em nós. De tal maneira que poderão acontecer em
nós e através de nós milagres maiores do que aqueles que Ele próprio realizou.
Porque Ele nos amou ao ponto de nos fazer com Ele um só. Se, obviamente, ouvirmos
agora as Suas palavras, que parece nunca mais termos ouvido, desde há quase
dois mil anos! Na mensagem seguinte Ele recorda-nos e actualiza algumas delas:
O regresso do Espírito à nossa Carne vai torná-la, obviamente, luminosa:
Ele é a Luz. Que significou a Ressurreição de Jesus senão o regresso do
Espírito à Sua Carne três dias antes entregue para a Vida do mundo? E vede qual
foi o resultado desta reunificação: a Carne de Jesus adquiriu as propriedades
da Luz – instantânea, leve, transparente, subtil, imparável.
Inesperadamente, tenho agora a sensação de que a minha Carne de repente
se pode transformar toda a em Luz! Que pode acontecer a todo o momento em mim a
transfiguração que aconteceu em Jesus. De facto, se eu deixar que o Espírito
regresse à minha Carne, o quê ou quem pode impedir que ela se torne luminosa?
Só o cumprimento de uma especial missão entre os corpos opacos que habitam a
nossa Cidade poderá implicar a permanência em nós da carne tenebrosa e pesada
que herdámos com o Pecado ao nascer. Deus, porém, pode dar a alguns este Dom
surpreendente: o de terem a sua Carne transfigurada em Luz antes de passarem
pela morte vulgar. Seria esta uma outra forma de ressurreição de uma Carne já
entregue, por amor, para a vida do mundo. Recordemos que Paulo fala nesta
possibilidade, baseado numa especial revelação de Jesus…
…
Ao menos agora, neste especialíssimo Tempo de Graça, ouçamos Jesus: Ele
disse que podíamos fazer com Ele um só – assim tal qual, sem desculpas nem
subterfúgios, devemos ouvir e acreditar no que ouvimos.
Eu sei, eu sei: faz-nos muita confusão que Deus possa ser um só comigo,
contigo, com cada um de nós, se nada na nossa vida parece mudar, se as nossas
deficiências continuam cá todas. Como pode Deus fazer-Se um só com isto? Como
pode Ele estar aqui sequer? Esquecemo-nos sempre de que Ele viveu trinta anos
arrastando pelo mundo a mesmíssima carne deficiente que nós temos que suportar.
Ele foi, justamente nessa condição deficiente, um só connosco, no que há de
mais vulgar na nossa vida; se O não rejeitarmos, se contemplarmos este Prodígio
do Amor de coração pasmado e agradecido, não nos podemos admirar de que também
em todos os Seus Atributos divinos Ele tenha feito de nós um só com Ele. Temos
urgentemente que ouvir de novo Jesus e acreditar no que Ele diz: Ele nunca nos
enganou. (Dl 28, 23/9/04)
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