Deus incarnou! – está na Bíblia, sabemos isto de cor. Mas não parece
mesmo que O desincarnámos há muito tempo? Deus é Amor! – também está na Bíblia,
também sabemos isto de cor. Mas não parece mesmo que, se já esteve, há muito
que deixou de estar entre nós este Deus-Amor? Ah, se tivéssemos acreditado
nestas palavras que sabemos de cor! Veja-se, a este propósito, a mensagem
seguinte:
Todas as vezes que fixo a atenção em Jesus, logo Ele invariavelmente me
diz: Eu amo-te tanto, tanto!…
Eu não conhecia Deus assim antes de começar a escrever: via-O como
Criador, certamente bondoso e omnipotente, e a Jesus como um Herói, expressão
da Verdade e verdadeiro Messias Libertador. Mas assim como Pessoa, apaixonado
por nós com esta entrega e esta loucura, isso não fazia parte da minha
experiência de Deus. E julgo que é assim com a generalidade das pessoas. Por
isso as suas orações até poderão ser de louvor, mas a um Deus mais ou menos
distante; a maior parte das vezes, porém, são orações de petição, porque se
aceita que Ele possa valer às nossas necessidades. Tem sempre, de qualquer
forma, muito de abstracto e longínquo este Deus.
Mas sei agora que Ele não quer ser nada assim e magoa-O muito esta
relação que temos com Ele, como machucava muito Jesus a relação que os
Apóstolos tinham com Ele e que conservaram até ao Pentecostes: eles não O
amavam, porque não conheciam ainda o Seu Amor. Eles passaram aqueles três anos
apenas admirando-O e esperando sempre poder vir a instrumentalizá-Lo ao serviço
cada um do seu próprio projecto de vida. É, pois, necessário chegar aqui, a
esta pura relação de amor, sem a qual a Igreja não pode nascer. Ela tem que ser
governada por este Amor, apenas; se o não for, em breve se tornará de novo
Instituição e se tornará estéril, como agora a vemos.
Por isso não vi ainda, nos próprios movimentos que ultimamente surgiram
na Igreja, ditos carismáticos, a Igreja Renascida com que Jesus tão
ardentemente sonha. Eles são certamente Sinais anunciadores da Vinda de Jesus que,
como todos os Sinais, esta Igreja facilmente encobre e esteriliza. Jesus,
porém, regressará como Amor. E este será um Acontecimento que desde os tempos
da Igreja primitiva nunca mais se viu na terra. É mesmo por esta relação de
amor e só por ela que se reconhecerão os membros da Igreja que então nascerá. (Dl 29, 24/10/04)
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